movendo os lábios sem som, Sua Excelência com os olhos
- Não
comigo a tentar explicar-lhe sem conseguir explicar, tentando dizer que um seio vazio
na minha boca, que as minhas mãos no corpo dela, que o meu corpo contra o seu corpo - Aiué mamá
que o homem de bruços a fumar mutopa de costas para mim, a cave com uma
lampazita no teto que multiplicava sombras e gente, tanta tropa e tantos pretos
conosco, tantos bichos a comerem, a apanharem o meu pai, a derrubarem-no, a
pularem-lhe em cima, o meu pai de braço estendido para mim - Rapaz
a cara dele um momento antes de desaparecer sob os bichos, uma perna que se
encolheu, esticou e permaneceu esticada sem a bota de lona de caminhar na mata,
descalça, o meu pai pegou na faca e aproximou-se do porco com o Bichezas a
acompanhá-lo - Meu alferes
enquanto a Fininha para as amigas - É agora reparem
ou seja o meu pai a empurrar a preta contra a parede e a cortar-lhe as mãos enquanto
as granadas continuavam a explodir e a costureirinha a coser, enquanto o soba
ajoelhava - Nosso arfere
de cabeça a escorregar-lhe, a cair-lhe, de corpo a mover-se ainda no chão, de olhos
nem abertos nem fechados, ausentes, Sua Excelência para mim, no sofá da sala - Em que estás a pensar?
e estava a pensar na morte do meu pai, da sua mão a escorregar-me do ombro - Rapaz
dos meus dedos a escorregarem do seu peito até o largarem por fim, de descermos
para o automóvel ajudando a minha mãe - Dá-me licença que a acompanhe?
ela sem me responder continuando a andar, ela pensando melhor - Pode ser
do médico para nós, surpreendido - A maior parte dos doentes neste estado terminal já não consegue andar
dos guardas que viriam, não tarda, buscar-me aqui a casa, fitando o quadro das maçãs
e das peras, fitando-me a mim - Vamos lá
enquanto alguém esquartejava o porco por nós, o que ele gritou senhores, a
quantidade de vezes que chamou - Rapaz
com a mão no meu ombro, que chamou - Rapaz
à medida que caía, a mão no meu peito - Rapaz
a descer-me a perna