Após pegar o livro e as anotações, Becca não precisou de meia hora para se
perder em direito constitucional e nas complexidades das diversas decisões da
Suprema Corte. Quanto mais lia, mais anotações produzia. Tirou outros
materiais de estudo da mochila e, em pouco tempo, a mesinha virou uma
bagunça. Mesmo a cadeira perto dela continha anotações marcadas com dobras e
um livro de pesquisa.
Antes de se reclinar nas costas da cadeira e relaxar, Becca estudou durante
duas horas, tomou algumas xícaras de chá doce e foi algumas vezes ao banheiro.
Ela precisava de uma pausa.
Da bolsa, tirou um pequeno diário de capa dura. Ela nem sempre foi uma
garota afeita a diários. Os pensamentos, os desejos e os medos registrados nas
páginas do diário eram assuntos privados, não compartilhados com ninguém.
Nem mesmo com Gail, e, sem dúvida, ela não os publicava em blogs. Becca não
registrara toda a sua vida, como muitas garotas que recorriam à internet para
compartilhar seus segredos. No entanto, desde o primeiro ano da faculdade,
Becca foi muito constante em suas anotações, que eram diárias; às vezes, a cada
dois dias. Algumas eram longas descrições de sua vida e de seus sentimentos;
outras, gracejos curtos acerca do amor e das experiências de uma estudante
universitária. Naquela tarde, no Café Millie, ela fez um relato de seus últimos
dias: a ida recente à médica, seus receios a respeito do parto antecipado e a
maneira como Jack conversou com ela e a tranquilizou, como ele sempre fazia.
Escreveu sobre a viagem improvisada a Summit Lake e do fim de semana que
esperava passar com o homem que amava. Encheu duas páginas antes de Livvy
Houston aparecer vinda dos fundos do estabelecimento.
— Olá, Becca — Livvy a cumprimentou.
Becca tirou os olhos do diário, levantou-os e deu um sorriso largo. Ficou de pé
e abraçou sua antiga babá.
— O que está fazendo aqui? — Livvy se sentou à mesa em frente a Becca.
— Estudando, infelizmente — Becca respondeu, também se sentando. —
Tenho uma prova na próxima semana, e precisei dar uma fugida para estudar.
Nervosa com o fato de que Livvy pudesse perguntar acerca do diário, Becca o
deslizou para debaixo da mesa e o colocou sobre a cadeira vazia ao seu lado.
— Seus pais estão com você?
— Não, meu pai tem um julgamento na próxima semana. Estava muito
ocupado. Disseram que eu poderia ficar na casa.
— Então você tem uma casa incrível, grande e tranquila, para estudar, e está
aqui?
Becca sorriu.
— Adoro esta cafeteria. É perfeita para estudar.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1