com um elás co, prendiam a respiração dos irmãos. Bernadete agora estava do
meu lado.
Era nosso segundo encontro e ela prontamente se dispôs a me explicar tudo
o que acontecia. A voz ofegante de quem está sempre com pressa, logo voltou ao
normal, doce e paciente, e me contou o porquê daqueles exercícios com aquelas
crianças. Por terem passado todo o tempo intrauterino ligados, e mesmo após a
cirurgia que separou seus corpos, os pequenos xipófagos con nuaram tendo uma
noção de unidade. Enquanto um nha desenvolvido melhor a coordenação
motora dos membros destros, o outro o completava, com melhor desenvoltura no
lado esquerdo. A internação numa UTI após a delicada operação também causara
sequelas. Apesar de não apresentarem indícios de deficiência mental, foi
constatado um leve retardamento de algumas funções dependentes do aparelho
neurológico. A mais visível é o atraso no enga nhar que, pela idade dos gêmeos,
já deveria ter iniciado. Por isso e também para evitar futuros atrasos em outras
funções, são realizadas todas as a vidades de es mulo.
O uso da máscara parecia ser angus ante. E era. Quando perguntei sobre o
efeito dela, Bernadete me disse: "Nenhum. O es mulo acontece depois." Então
ela me sugeriu prender a respiração durante o mesmo tempo em que as crianças
ficariam com pouco ar. Nos primeiros segundos nenhuma grande impressão. Eu
olhava para eles e entendia o sufoco de não ter os pulmões cheios. Depois o
coração começou a acelerar. Eles me apontavam os olhinhos azuis, banhados pelo
sal da desolação, pedindo uma resposta para aquilo tudo. Ba das mais fortes do
coração. E eu não podia respirar. Tum-tum. Tum-tum. Precisamos de ar.
Tiramos nossas máscaras. As deles, de plás co, foram colocadas à força e
re radas para a realização do exercício. A minha foi a própria mão, que prendeu
voluntariamente durante tonteantes trinta segundos a respiração, com o intuito
de entender o exercício. Obje vos diferentes, reações idên cas. Na busca
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