Mas o que parece vantajoso num
primeiro momento, por evitar a ex-
posição, pode gerar um efeito colate-
ral, dando uma impressão tão ruim
quanto a ignorância (ou até pior): a
de que você é passivo e inseguro.
Ser questionador tornou-se um dife-
rencial competitivo. Muitas empresas
buscam hoje gente com coragem de
pensar diferente. Hoje, o mercado já
entende que fazer perguntas denota
curiosidade e vontade de aprender.
“Até numa entrevista de emprego pega
bem questionar. Ao indagar sobre o
que se espera do cargo, por exemplo,
oprofissional sugere responsabilida-
de e vontade de entender a situação”,
diz Marina D’Oliveira, professora de
negociação na Escola Conquer.
O grande desafio é fazer isso sem
parecer perdido no tempo e no espa-
ço. De acordo com especialistas, só é
38 wMAIO DE 2019 wVOCÊ S/A
INOVAÇÃO
possível passar a impressão correta
se preparando com antecedência.
Perguntas inteligentes pressu-
põem estudo prévio. Se não estiver
por dentro do tema, dificilmente a
pessoa trará pontos relevantes para
projetos, reuniões ou debates com
colegas. Deve-se pensar (e anotar)
quais aspectos precisam ser levan-
tados para, de fato, elevar o nível da
discussão. Só tome cuidado para não
errar a mão e soar sabichão demais.
Um bom questionador abre espaço
para aprender o que não sabe. “Um
erro comum é elaborar uma ques-
tão cheia de informação e opinião.
Isso mostra que a resposta pouco
importa”, afirma Jean Philippe Ro-
sier, sócio e professor de criatividade
e novas inteligências na escola de
metodologias criativas Perestroi-
ka. O ideal é focar o que você quer
compreender — não o que já sabe ou
supõe a respeito do assunto.
Um estudo da Universidade Har-
vard mostrou que fazer perguntas
que levem as pessoas a dizer o que
pensam são mais eficazes. Os cien-
tistas usaram ressonância magnética
para fazer testes. Descobriram, entre
outras coisas, que questionamentos
que solicitam aos participantes dar
opiniões aumentam a atividade neu-
ral nas áreas do cérebro associadas
à recompensa e ao prazer. Ou seja, a
ciência provou que questionar uma
pessoa sobre o que ela acredita é
uma arma poderosa para fortalecer
as conexões e ganhar influência.
Escuta ativa
Mas perguntas bem-feitas não bas-
tam. É importante desenvolver
também a capacidade de ouvir ver-
dadeiramente o que está sendo dito.
“Deve-se praticar a escuta ativa e não
ficar pensando na próxima questão
enquanto a pessoa responde”, diz Mô-
nica, da The School of Life.
Essa atitude é primordial na hora
de fechar negócios, por exemplo.
“Meu segredo é ouvir muito e falar
pouco, deixando que o cliente expo-
nha todas as suas necessidades”, afir-
ma Luiz Fernando Pivatti, de 34 anos,
gestor comercial de uma empresa de
TI de pequeno porte. Formado em
tecnologia da informação, há um ano
ele decidiu fazer um curso de design
thinking para melhorar a comunica-
ção. Uma de suas conclusões, durante
as aulas, foi que interpelava os poten-
cias compradores de maneira errada.
Luiz Fernando fazia perguntas fe-
chadas que exigiam “sim” ou “não”
como resposta e davam pouca mar-
gem ao diálogo. Após a descober-
ta, reformou o método. Em vez de
indagar se havia interesse em seus
produtos, passou a assuntar clientes
a respeito de dificuldades. “Qual é
seu maior problema atualmente com
tecnologia?” é o tipo de questão que
PERGUNTAS BOAS
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Arte de questionar
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