Você SA - Edição 252 (2019-05)

(Antfer) #1
APOSENTADORIA

50 wMAIO DE 2019 wVOCÊ S/A


O SISTEMA SERÁ
OBRIGATÓRIO
PARA TODOS?

COMO EVITAR OS
ERROS DO CHILE?

QUAIS SÃO OS
PROBLEMAS DO
MODELO?

“O texto diz que só poderá optar pelo
sistema de capitalização quem entrar
no mercado de trabalho depois da pro-
mulgação”, diz Rolim. Em um primeiro
momento, não será permitida a migra-
ção de um modelo para o outro. “No
futuro, se o governo achar interessan-
te, poderá alterar a Constituição para
esse fim”, explica o secretário.

No modelo brasileiro, além da
possibilidade de contribuições
patronais e do trabalhador (no
caso de funcionários de empresas
privadas) e dos entes federativos
e do servidor (no caso do funcio-
nalismo público), a PEC prevê que
a gestão das reservas poderá ser

O principal é que muita gente não vai
conseguir poupar. Nesse caso estão
as pessoas vulneráveis, que circulam
entre a formalidade e a informali-
dade e enfrentam a rotatividade.
O modelo do Chile é sempre citado
para elencar os pontos fracos do
sistema. O país foi o primeiro a pri-
vatizar a Previdência com a adoção
da capitalização, em 1981, durante a
ditadura do general Augusto Pino-
chet. Na época, havia a expectativa de
que a medida não só resolveria o pro-
blema previdenciário como também
criaria um volume de poupança capaz
de incentivar investimentos produ-
tivos. Não foi o que aconteceu. Além
de não ter estimulado a economia
do país, a maioria dos aposentados
ganha um valor inferior ao do salário
mínimo local, de aproximadamente
1 400 reais. Em média, os chilenos
se aposentam com um benefício
equivalente a 38% do salário da ativa.
“Lá, o sistema foi implantado sem
contribuição patronal”, afirma Felipe
Bruno. Também ocorreram proble-
mas com as administradoras dos
fundos, que, por não terem muitas
concorrentes, cobram altas taxas de

“A soma dos pontos [idade + tempo
de contribuição] é uma das for-
mas de se aposentar hoje. Isso vai
persistir durante a fase de transi-
ção, mas daqui a 12 anos, quando
tivermos completado a migração
total para o novo sistema, não
haverá mais essa possibilida-
de. Só haverá aposentadoria por
idade mínima”, diz Felipe Bruno.
Ou seja, o trabalhador poderá
retirar o dinheiro do fundo apenas
quando preencher as exigências
para se aposentar. Deverá, então,
receber tudo o que depositou,
acrescido dos ganhos resultantes
de aplicações financeiras feitas
pelo fundo ao longo dos anos.
O executivo da Mercer diz que a
literatura econômica e entidades
como a Organização para Coopera-
ção e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) defendem que o ideal é o
aposentado ter um benefício em
torno de 60% a 70% da última
renda. “Num exercício rápido, dá
para dizer que um trabalhador
precisaria contribuir com 20% de
seu ganho e ter, no fundo, uma
rentabilidade real de 4% a 5%
ao ano para conseguir chegar a
esse padrão”, diz Felipe Bruno.
Por isso é importante o traba-
lhador acompanhar o desempe-
nho de seu fundo e compará-lo à
performance de concorrentes. Se
não estiver satisfeito, ele poderá
migrar para outro fundo, pois a PEC
da reforma da Previdência garante
essa possibilidade. A emenda prevê
que a gestão dos fundos poderá
ser feita por entidades públicas
ou privadas, habilitadas por órgão
regulador. E o trabalhador po-
derá escolher a instituição que
fará a gestão de suas reservas.


QUANDO E QUANTO
O TRABALHADOR
PODERÁ RECEBER?

administração. Para corrigir parte do
problema, o governo chileno propôs,
no ano passado, uma reforma da
Previdência que está em tramitação
no Congresso. No texto, estabelece-
-se que as alíquotas de contribuição
passarão de 10% para 14% — e será
dos empregadores a responsabi-
lidade de arcar com a diferença.
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