Valor Econômico (2020-04-23)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 2 da edição"23/04/20201a CADB" ---- Impressa por rcalheirosàs 22/04/2020@18:47:


B
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Valor
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Quinta-feira, 23deabrilde 2020

Empresas


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Carreira

Como liderar com a dor na alma e no corpo


Rumo certo


BetaniaTanure


V


ivemoshojeum


momento


absolutamente


intenso,queafetao


nossocorpo,nossa


almaeimpõeimportantes


efeitossobretodosnós,como


indivíduos,comoorganizações


ecomosociedade.


Adornaalmacomeçacomos


medosquepermeiameste


momento:decontrairadoença,


dequepessoasqueridasse


tornemsoropositivas,demorrer,


lastreandoasestatísticas,de


perderoempregoeopoder,dea


empresasedesmancharem


nossasmãos.Soma-seaesses


sentimentosumtipodeincerteza


quedóideformadifusa:como


essasituaçãovaievoluir?Afinal,


quantotempoissovaidurar?


Nósquecuidamosdasaúde


dasempresastemosnos


deparadocomdores


organizacionaiseindividuais


geradasnãosomentepelomedo,


comotambémpelamudançadas


rotinasdetrabalho,pelo


aumentodonúmerodehoras


trabalhadas(ninguémachava


issopossível!),pelanecessidade


detornar-se,“namarra”, mais


digital,demudarosprocessosde


trabalhoealógicadenegócio,


pelosinesperadosproblemasde


caixa—epelamudançaderotina


emcasa,comosfilhos,comos


pais,comosparceirosafetivos.


Osproblemassãocomplexos,


osparadoxossãomuitos.Equalo


papeldaliderançanesse


ambientedeincertezas?


Primeiro:nãotenteabafaros


sentimentosnegativosdeseus


lideradosnem,muitomenos,


negaraexistênciadesses


sentimentos.Éprecisoadmitir


quesãoreais,quevocê,como


líder,ostêmexperimentado,ou


queaindaestánanegação.


Segundo:garantaqueocliente


sejaatendidoeaoperaçãoda


empresacontinue.


Opapeldaliderançaésempre


mudarofluxonaturaldascoisas:


devecriaraambiênciaparaque


seuslideradostenhamos


estímuloscorretos,acolheras


pessoasparaabreviaros


momentosdemedoereduzira


ansiedadeeasangústias.Seé


inevitávelomergulhonesses


sentimentos,oslíderesdevem


saberresgatarnosliderados,


comoindivíduos,comotime,


comoordemeconômicaesocial,


aesperança.Devemvalorizar


comportamentosemergentes


naspessoas,comocolaboração,


autonomia,diminuiçãodossilos,


garra,simplicidadeeorgulhode


pertenceràsorganizaçõesquese


revelamresponsáveis.Emais:


cominteligênciaemétodo,


dedicar-seacapturaros


comportamentosbacanasque


surgiramduranteacrise.


Éprecisoadmitira


profundidadedestacriseetomar


asdecisõesobjetivas,azedasmas


necessárias,semdeixardeladoas


açõesdoces,derevitalização,de


apoioedeacolhimento.Aminha


palavraparaissoé“ag ridoce”.


Odoceestánaesperançado


aprendizado,naescutagenuína


dasdúvidaseopiniõessobreas


rotasquesedevetomarna


empresaeasquesão


indispensáveistambémna


família,nareordenaçãodas


relaçõesorganizacionaise


sociais.Asrelaçõesficaramagora


àdistância,masestãomais


“próximas”,afinal,a


comunicaçãonatelinhaé


diferente:semtrégua!E,nesse


sentido,sãodocesoestímuloà


cooperação,aautonomiae


especialmenteàconvicçãode


queooutroécapaz,vocêécapaz!


Nocaminhoagridocevocê


podesetornarumdirigente


estadista,aquelecujoolharvai


muitoalémdoseubem-estare


dosresultadosdaempresa.Essa


mudançaémandatória.Anos


atrás,aproporçãodesses


dirigentesnoBrasilerade2%,


conformeartigoquepubliquei


naHarvardBusinessReviewem


2013.Pesquisamaisrecenteque


fizemosmostrouqueeles


representamhoje5%dosnossos


executivos.Sãoessesdirigentes


estadistaseasempresas


estadistasqueirãosobreviver,


irãoserfortesecorresponderàs


expectativasdeumanovaordem.


Opaís,eomundo,precisamcada


vezmaisdeindivíduosestadistas,


deequipesestadistas,de


empresasestadistase,valedizer,


depolíticoserepresentantes


estadistasnostrêspoderes.


BetaniaTanureé doutora, professora e


consultora daBTA


Vaivém


StelaCampos


everis


RicardoNevesé onovo CEO da


operação brasileira da everis,


consultoria de negócioseTI .O


executivoatuoupor 16 anosco-


mosóciodaPwCBrasil.


Echos


CarlosAlberto Júlioé onovo


CEO do laboratóriode inovação


Echos.Ele foi cofundadorda Di-


gital Housee sóciodo Locomoti-


vaInstitutodePesquisa.


BrasilBrokers


ArthurAzevedoé onovo dire-


tor financeiro da BrasilBrokers.


Ele já trabalhouna Transpetro,


Cacau Show, WhirpoolLatin


AmericaeGlobaldaEmbraco.


E-mail:[email protected]


valor.com.br


Acompanhea movimentaçãode


executivostambémnosite


http://www.valor.com.br/carreira


Fonte:Pesquisada Fundação DomCabralcoma Talensesque ouviu 30 empresasdo comércio, 77 da indústria, 197 de serviços,
6 do terceirosetore 65 de outrossetores

Os efeitos da covid-


Pesquisaanalisou a reaçãode 375 empresasbrasileiras durante a pandemia


Houvedificuldadeem implantaro home officecoma covid-19?


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70


75,


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Não Sim


Indústria Comércio Serviços Terceiro Setor


As novaspráticasde home officeadotadaspermanecerãoapósa pandemia?


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Não Parcialmente Sim


Indústria Comércio Serviços Terceiro Setor


.


Companhias vão incorporar home


office parcial ou integral após crise


Trabalho


Barbara Bigarelli


DeSãoPaulo


Mais de 70% das empresas de to-


dos os setoresda economia brasilei-


ra esperam que as novaspráticas de


home officeadotadas durantea


pandemiapermaneçam,integralou


parcialmente, após a crise da covid-


19 passar.Na indústria, essa percep-


ção alcançaquase80% das compa-


nhiaseemserviçosde89%.Ocomér-


cioéosetorquemenosesperaaper-


manênciadasmudanças.


Os dadosestão em uma pesqui-


sa realizadapelaconsultoria Ta-


lenses em parceria com a Funda-


ção DomCabral, com 375 compa-


nhiasdo país, e obtida peloValor.


Em média, 70,3% dos funcionários


de todosos setores estão traba-


lhandoem casa,sendoque na in-


dústria, a porcentagemtriplicou


em março. Antes do coronavírus


exigir o isolamento socialno Bra-


sil, 15,2% dos funcionáriosdesse


setor faziamhome office —atual-


mente,sãomaisde50%.


No setor de serviços, osalto foi


de 25,6% para 76,3%, enquanto no


terceirosetor, de quase 40% para


maisde 85%. Comportas abertas


apenas para serviçosessenciais,


em grande parte do país, o comér-


cio detémo menorpercentual de


trabalhadores em home office:


22,9%. “Nós estamospassando por


um processo de transformação de


maneira forçada, mas apesquisa


indica que parte da experiênciae


adaptação vivida agora vai se con-


verterem novasrotinas que serão


adotadas posteriormentepelas


empresas”, afirma Luiz Valente,


CEOdoTalensesGroup.


Aamostra da pesquisaabrange


375empresas,sendo30 docomér-


cio, 77 da indústria, 197 de servi-


ços, 6do terceiro setor e 65 de ou-


trossetores. Em média, 28%delas


relataram enfrentardificuldades


paraimplementarohomeoffice.A


falta de infraestruturaparatodos


os funcionários(notebook etele-


fonia, por exemplo) pesou mais


paraoTerceiroSetor.


Já o setorde serviços sofreu mais


do que os outroscom processosque


não podemser realizados de forma


remota.A ausência de uma política


sobreomodelode trabalho em ho-


me officefoi um desafioapontado


particularmente pelo comércio, que


tambémdestacou,assimcomoain-


dústria, a demora na tomadade de-


cisãopor parteda liderança.Mas a


maior dificuldadeapontada,com


média muito acima que todosesses


aspectos,foi lidar com questões cul-


turais relacionadas a gestão remota.


“Ocontextoobrigouatodasseorga-


nizarem de uma forma, agora aca-


pacidadede fazerisso,ese estão ou


irão fazerissobem, depende da cul-


tura organizacional.Quemjá tinha


umamais organizada, conseguiu


reagirmaisrápido”, dizPaulFerreira,


diretor do centrode liderançada


FundaçãoDomCabral.


A nova organização exigiu, por


exemplo, a adaptação de proces-


sos seletivos, transferidos para o


formatoon-line,e oingressode


novos funcionários(onboarding)


remoto. “As empresas começaram


a se abrir para processos que não


tinhamo hábito, costumeou ex-


periênciade realizar de formavir-


tual”, diz Valente, da Talenses.


Maisde 35% das companhias en-


trevistadas indicam que estãorea-


lizando processos 100% remotos,


enquanto34,7%afirmaram que


suspenderam as contratações.Em


comércio eserviços, ocongela-


mentode vagas afetou maisda


metadedas organizações.


Com relação ao onboarding,


57,6% das empresas apresentaram


dificuldadeeminserironovocola-


borador na rotina da empresa efa-


zercomqueelesesentisseintegra-


do. A aplicação dos primeiros trei-


namentosobrigatórios éumdos


desafios maiscitados por todosos


setores.Em média, 26,4% dos trei-


namentos foraminterrompidos,


enquanto 42,9%continuam sendo


feitoson-linede formaintegral ou


parcial. Adespeito da crença das


entrevistadas de que essasmudan-


ças e adaptações influenciarãoa


rotina no mundo corporativopós


covid-19, a lição que aliderança


deveseatentar, segundoPaul Fer-


reira, é a formacomo serão imple-


mentadas e virarão,de fato, uma


política. “Acho válido muitas des-


sas práticas permanecerem, prin-


cipalmente se estãodando certo.


Mas há questões fundamentais


que oRH e aliderança precisarão


analisar, envolvendo,por exem-


plo,produtividade,engajamentoe


motivaçãona gestão remotaem


umcontextosemcrise”, avalia.


EnsinoexecutivoInstituiçõesensinamdesdecomolidar


comaquedanareceitaatéosnovoshábitosdosclientes


Escolas ensinam a


fazer gestão durante


e depois da covid-


VanDyck Silveira, da Trevisan,diz que o momento é de mantero negócioprincipale encontrar formasdiferentesde entrega


DIVULGAÇÃO

MarcosdeMouraeSouza


DeBeloHorizonte


Instituiçõesde ensino especiali-


zadasem cursos para executivos e


empresários estãoadaptando suas


aulas e passandoa incluir orienta-


ções ediscussõessobre oque as


empresas podemfazer para atra-


vessar a pandemia e se preparar


paraomundopós-coronavírus.


As liçõesvariam de escola para


escola,masalgumasdasprincipais


recomendações são: redobrar


atençãoaocaixa, reduzir salários e


jornada, adaptar onegócio ao mo-


mentoderetraçãoefugirdenovos


negócios.Omomento,dizem, éde


manterofoconaquiloqueécore.


Outraliçãochave éadigitaliza-


ção. Empresas que estavam atrasa-


dasnainteraçãocomseusfornece-


doreseclientespelawebestãosen-


doobrigadasaentenderagoraque


esse éum movimentoinevitável e


que nãoépossívelesperar. Como


acelerarprocessosdedigitalização


tem sido um temarelevante nos


cursosparaexecutivos.


“O comportamentodos consu-


midores não será omesmo”, diz


MaurícioJucá de Queiroz, diretor


acadêmico da Fundação Instituto


de Administração (FIA).Seu argu-


mentoéomesmodeoutrosacadê-


micos. Das compras no supermer-


cadoà telemedicina, umaparte


das pessoas que hoje está tendode


consumir produtos e serviços on-


lineacabarásehabituandoeconti-


nuaráafazerissodepois.


Aprevisão éque as empresas


que não se adaptarem rápido a es-


se novomodelo tendem adesapa-


recer. “Até então, quem tinha


maiorpoder aquisitivo já estava


maisacostumado afazer compras


on-line. Se a gentetiver umamu-


dança de comportamentona clas-


se C, que é ogrosso da população,


migrando para oconsumo on-line


vai ser umamudança grande da


sociedadebrasileira”, dizQueiroz.


O diretor de educação executiva


da FGV de São Paulo, PauloLemos


lembra que acrise estáensinando


novasformasdeconsumiredetra-


balharviaweb.“Nãoachoqueas


empresasficarão menoresemter-


mosde númerode funcionários


quandoacrisepassar,masosespa-


ços de trabalho talvez fiquemme-


nores”, diz, apostandoem uma


tendênciapós-pandemiadequeas


empresastenham maisfuncioná-


riostrabalhandodecasa.


“Asempresas vão ser mais ágeis,


vaihavermaisvídeoconferênciase


até as viagenspodem a diminuir.


As pessoas viajavam muito porque


acreditavamque só era possível


negociar cara acara. Enão éverda-


de”,diz. “Nós estamos mostrando


paraasempresasquedáparafazer


isso.”AFGV, assim como as princi-


pais escolas de negócios do país,


está mantendo as aulas e seminá-


riosviaweb.


Masantesdesabercomoagirno


mundo pós-pandemia, com mais


trabalho e consumo on-line,o que


os empresários e executivos bus-


cam nas escolas de negócios são


insightsde comolidarcom os pro-


blemas atuais. Como fazerfrente à


queda brutal de receita e se plane-


jar diante de uma retração trágica


daeconomia?


Mais do que nunca vale a má-


ximados americanos “cash is


king”. “Esse é oprimeiro ponto


crucial que a gentetem conver-


sadocom os alunos: focar em to-


dootipodeatividadequelibere,


preserve e gere caixa”, diz o CEO


da Trevisan Escolade Negócios,


VanDyckSilveira.


Isso,segundoele,passaporuma


políticade descontosagressivos,


aproveitando as taxas baixíssimas


de jurospraticadas hoje no Brasil.


Passa também por umainvestida


incisiva nas renegociações com


fornecedores de produtos e servi-


ços e também dos contratos de


aluguel. Comtodaaeconomia


perdendoforça,aideiaéqueexiste


uma margem de gorduraque po-


de ser cortada em muitoscontra-


tos e que esse éomomento para se


aproveitardisso.


“Essenão é omomento de querer


descobrir apólvora. Quemestá tra-


balhandoemvacinaouremédiopa-


ra covid-19,sim. Mas paraosoutros


setores, eu digo ‘não invente moda,


fiqueno seu core, mas dentrodele


penseemcomoentregardemaneira


diferente”,insisteSilveira.


Diante da pandemia e da in-


fluência do temaem todososne-


gócios, a FundaçãoDom Cabral


também mudouoconteúdo de


seus programasde educação exe-


cutiva —em particular os voltados


paraempresas médias. Nesses,a


escola incluiu tópicos sobrecomo


criarcomitês de crise, como man-


ter a operação durante a crise e co-


mo se preparar paraa retomada


nopós-coronavírus.


A fundação também adaptou


seus webinars com palestras sobre


fluxo de caixa, acesso a crédito, ne-


gociaçãodedívidaseantecipaçãode


recebimentos no contextodepan-


demia. “Vimos que nestemomento


ointeresse das empresas éaprender


algo emergencial”, diz Carlos Arru-


da,professordaDomCabral.


Um dos temasque aparecem


muitoécomolidarcomoamãode


obra, se é hora de demitir ou me-


lhoraguardar. “Nossa recomenda-


ção temsido que as empresas


usemamedidaprovisóriaqueper-


miteafastamento temporário,re-


duçãoda jornada de trabalho ede


salário comoforma de evitar de-


missões”,dizArruda.


AFundação DomCabral tem


feitosondagenscom empresários


egestores que participam de suas


atividadesnesseperíodoeaexpec-


tativadeles éque as políticas de


restrições ao funcionamentodo


comércioseencerremnofimdeste


mês. Ou seja, um prazo que consi-


deram ser possível evitaruma on-


da de demissões. “Eudiria que a


atitude das empresaséseproteger


não demitindoe, se houver uma


extensão do prazo, aí eu achoque


vamoster um volume mais signifi-


cativo(dedemissões)”,diz.


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