DOSSIÊ SUPER 41
FASE ORAL
VaI DO naScImEntO ao segundo ano de vida. E, sim,
se você pensou no mamá da mamãe, sua resposta está
absolutamente certa. É quando os atos de morder o seio,
sugar e engolir o leite materno geram satisfação ao bebê.
E não apenas por saciar a fome. É por prazer mesmo. “Só
podemos relacionar essa obtenção de prazer à excitação
da região da boca e dos lábios, partes do corpo a que
chamamos, então, zonas erógenas, e o prazer alcançado
no ato de sugar, nós o caracterizamos como sexual.”
Não seria para menos, portanto, que bebês
levam à boca praticamente tudo o que encontram
- e que existe um objeto mágico, simulacro
do seio materno, chamado chupeta.
Segundo Freud, problemas nesse estágio de desenvol-
vimento, com uma satisfação precária ou excessiva desse
prazer, podem ter consequências na vida adulta do indivíduo.
No caso do excesso, “Tais crianças se tornarão, quando
adultos, finos apreciadores de beijos, preferirão beijos
perversos ou, sendo homens, trarão consigo um poderoso
motivo para beber e fumar.” Já as mulheres, segundo
Freud, terão nojo de comida. “Muitas de minhas pacientes
com distúrbios de alimentação, constrição na garganta
e vômitos foram enérgicas ‘chupadoras’ na infância.”
FASE ANAL
OcORRE EntRE OS 2 E 4 anOS e é a fase em que
a criança descobre as mil e uma utilidades do
próprio cocô. Mais especificamente, do ato de
colocar esse cocô para fora – ou não. Segundo
Freud, a criança tem sensações agradáveis
ao esvaziar o intestino, e isso se desenvolve
para uma obtenção de prazer pelo estímulo
do ânus – outra zona erógena. “As crianças
que utilizam a excitabilidade erógena da fase
anal se revelam no fato de reter a massa fecal
até que esta, acumulando-se, provoque fortes
contrações musculares e, na passagem pelo
ânus, exerça um grande estímulo na mucosa.
Isso deve produzir, juntamente com a sensação
de dor, uma sensação de volúpia.” Não à toa,
Freud também chamou essa fase de sadoanal.
Mas essa fase é mais complexa do que a
busca do prazer autoerótico. Freud afirma que a
criança considera esse cocô como uma extensão
do próprio corpo. E assim se depara com uma
das grandes decisões de toda uma vida: fazer
ou não fazer? A decisão está entre uma atitude
narcisista – a de reter o cocô para ele mesmo –
ou de amor ao próximo – já que considera que,
ao defecar, está abrindo mão dessa extensão do
corpo e dando um presente aos pais, os pobres
coitados que tanto se afligem com a criança que
não faz cocô e a enchem de iogurte de ameixa.
Quando você tiver de lidar com uma criança
de 3 anos teimosa, relaxe: a culpa é dessa
fase do desenvolvimento psicossexual. “Do
erotismo anal procede, por emprego narcísico,
a teimosia, como significativa reação do ego a
exigências dos outros; o interesse dirigido às
fezes se torna interesse por presente, e depois
[já na fase adulta] por dinheiro”, teoriza Freud.
Segundo a psicanálise, conflitos na fase
anal também repercutirão na personalidade
do adulto. Um sujeito “anal-expulsivo”
gosta de desperdício e extravagância; o
“adulto-retentor” vai na direção contrária:
preza pela limpeza e a arrumação.
Uma das teorias que eternizaram o
pensamento de Sigmund Freud nas
discussões de mesa de bar é a que
divide o desenvolvimento psicossexual
infantil em cinco estágios – uma ideia
que o austríaco tirou da biologia
evolucionista. Eles vão do nascimento
à puberdade: as fases oral, anal,
fálica, um período de latência e,
enfim, a fase genital. Ao longo dessas
passagens, segundo ele, a criança se
dedica a atividades que são fontes
de prazer e de autoerotismo.
REVOLUÇÃO
PSICOSSEXUAL
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