O Estado de São Paulo (2020-05-27)

(Antfer) #1

| São Paulo, 27 de maio de 2020 6


FABRICANTES


Foton se consolida no Brasil


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culdades iniciais, a empresa começa a produzir um caminhão de 3,5 toneladas, testapós difiA


um semileve de 2,8 toneladas com motor a gás e tem rede composta por 55 concessionárias


A


Foton Caminhões passou por

inúmeros percalços desde que

chegou ao Brasil, em meados de


  1. Mas parece que, neste ano, em ple-


na crise causada pela covid-19, a mar-

ca está se consolidando. Isso se deve à

aposta na Foton Motors Brasil, empresa

criada pela marca na China para ajudar a

desenvolver as operações no País.

Em abril, teve início a produção do

primeiro caminhão da marca em Guaí-

ba (RS), onde será a sede da empresa

no Brasil. A Foton também anunciou

o início dos testes de um caminhão se-

mileve com motor movido a gás.

Segundo Luiz Carlos Mendonça de

Barros, CEO da Foton Caminhões, a

empresa superou diversas etapas até che-

gar à produção do primeiro caminhão.

O modelo é um veículo de 3,5 toneladas

de peso bruto total (PBT). O caminhão

semileve saiu da linha de produção da

Gefco Indústria, contratada pela Foton

para produzir os caminhões da marca.

ca do lado da A linha de montagem fi

área onde a Foton vai construir sua fá-

brica no Brasil, que deve ser concluída

entre 2024 e 2025. A Gefco vai produ-

zir o modelo até a conclusão das novas

instalações da montadora. A estimativa

é que a empresa parceira tenha capaci-

dade instalada para produzir 100 uni-

nal deste ano. Para os pró-dades até o fi

ximos dois anos, Mendonça de Barros

espera que a Gefco tenha capacidade

para a produção de 2 mil caminhões.

O executivo explica que a produ-

ção do caminhão em Guaíba ajudará

também a desenvolver os fornecedo-

res locais. Para isso, a empresa projeta

aumentar a presença da gama no País.

Além do Minitruck de 3,5 toneladas

agora produzido no Brasil, a Foton im-

porta os caminhões com peso bruto to-

tal (PBT) de 6 e 10 toneladas, da linha

Citytruck. Para o futuro, Mendonça es-

pera trazer o caminhão de 11 toneladas

de PBT. Todos com produção local.

Está em testes no Brasil o caminhão

semileve de 2,8 toneladas de PBT com

motor a gás. Mendonça garante que o

veículo será mais barato que o HR, da

Hyundai, que custa R$ 81.990. O mo-

tor movido a gás possibilitará o preço

mais competitivo. O caminhão já está

em operação na logística do Carrefour

em São Paulo. Deve chegar ao mercado

até o início do próximo ano.

Quase dez anos depois de anun-

ciar que representaria a marca Foton

Este material é produzido pelo Media Lab Estadão.

no Brasil, Mendonça conta que foram

muitos os percalços. A Inovar-Auto e

a crise econômica seguida pelo imbró-

glio político e escândalos de corrupção

como a Lava Jato foram marcantes

durante a trajetória da Foton no Bra-

sil. Mas não um impeditivo para que a

empresa, devagar, fosse traçando suas

estratégias de atuação no País.

E, quando parecia que tudo entraria

nos eixos, há o impacto da covid-19.

Para Mendonça de Barros, esse era o

momento de dar início à produção local

e aumentar a linha de produtos. E isso

lial brasileira só foi possível porque a fi

teve o aporte de capital da Foton Mo-

tors Brasil. A trading da empresa chine-

nanciar os componen-sa começou a fi

tes importados que vão complementar

com as peças nacionais e possibilitar a

produção dos caminhões no Brasil.

O ENCONTRO BRASIL E CHINA

Como ex-ministro da comunicação do

governo Fernando Henrique Cardoso

e ex-presidente do BNDES, Mendonça

de Barros conhece bem o mercado chi-

nês. Acompanhou toda a trajetória que

levou a China a se tornar a gigante asiá-

tica. A relação começou quando Men-

donça, ainda à frente do BNDES, em

meados de 1996, financiou uma obra

de hidroelétrica para aquele país. Na

época, a economia da China era frágil

frente à brasileira. E o BNDES finan-

ciou a compra da tecnologia brasileira

de turbinas para uso em hidroelétricas.

Foi por essa relação que, em 2010, o

economista recebeu o convite para ser

o representante brasileiro da Foton. O

tamanho do mercado de caminhões

no Brasil e o bom relacionamento que

existe entre os dois países – a China é

um importante comprador da agricul-

tura brasileira – bastaram como argu-

mentos para a China vislumbrar seus

caminhões por aqui.

Depois de dois anos negociando a

cou parceria, a Foton Aumark do Brasil fi

responsável pela venda e distribuição

dos caminhões. Os planos foram frus-

trados com a chegada do Inovar-Auto.

CRISE INTERROMPE OS PLANOS

Nesse período, a Ford caminhões abriu

mão de um terreno em Guaíba, no Rio

Grande do Sul, e o governo daquele es-

tado vendeu o local para a Foton. Estava

tudo certo para o início das obras da fá-

brica de caminhões. A inauguração da

pedra fundamental ocorreu em 2014.

Enquanto isso, a engenharia da Fo-

r ton estava trabalhando para tropicaliza

as peças dos caminhões. Cerca de 70%

dos componentes utilizados nos veícu-

los da marca são de autopeças instala-

das no Brasil. O motor é da Cummins,

s e a caixa de transmissão, da ZF. Ma

essa tropicalização demandou recursos.

a E, com as crises econômica e polític

anunciadas em 2015, mais uma vez os

a planos da Foton foram frustrados e

construção da fábrica adiada.

s A Agrale foi eleita para produzir o

a caminhões da Foton no Brasil por caus

da similaridade dos produtos. A distân-

ca também ajudou. A Agralecia geográfi

ca em Caxias do Sul (RS). O contratofi

com a montadora brasileira só foi encer-

i rado porque o acordo com a Gefco fo


mais convidativo, além da proximidade.

NOVA ESTRUTURA

No governo Temer, quando a econo-

mia voltou a dar sinais de recuperação,

os chineses decidiram criar a subsidiá-

e ria no País. “Foi um longo período d

prejuízos sequenciais. Não era mais

r possível para a Foton do Brasil banca

o projeto sozinha.”

a Com a criação da trading, criad

l como subsidiária com 100% de capita


estrangeiro, foi possível importar os

componentes da China. E esses com-

ponentes vão se complementar às peças

nacionalizadas.

Com 45 concessionárias, sendo que

parte dessa rede pertencia à Ford Ca-

minhões, a rede vai trabalhar com os

produtos da Foton fabricados no Brasil.

é A linha poderá chegar a modelos de at

a 13 toneladas de PBT. Mas existe ainda

a possibilidade de a trading importar d

e China caminhões com capacidades d

até 24 toneladas.

“A Ford deixou quase 10% desse mer-

cado e os nossos produtos são similares.

m O motor e a caixa são os mesmos. É u

mercado em que a Foton pode crescer”,

conta o CEO. Para Mendonça de Barros,

a rede mais estruturada possibilitará au-

mentar a presença da marca no País

No ano passado, o mercado chinês

de caminhões caiu 8%. Isso levou a in-

dústria daquele país a acreditar que o

u mercado de veículos comerciais chego

a sua maturidade. Nações como o Brasil,

a mesmo em meio à crise, são apostas d

l marca na China, tamanho o potencia


do mercado de caminhões. Não fos-

se a pandemia, as vendas de caminhão

e encerrariam com aproximadament

) (A.R. 110 mil veículos vendidos.

O Foton de 3,5 t

de PBT é o primeiro

da montadora

com produção

100% nacional

Foton inicia

os testes do

caminhão a

gás mais leve

do Brasil

Fotos: Mauro Cassane | Divulgação

EXPLIQUEI AOS CHINESES QUE TERÍAMOS QUE FAZER


A PRODUÇÃO LOCAL PARA OBTER INCENTIVOS.


, CEO da Foton Caminhões Luiz Carlos Mendonça de Barros

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