Valor Econômico (2020-06-20, 21 e 22)

(Antfer) #1

JornalValor--- Página 8 da edição"22/06/20201a CADB" ---- Impressa por LGerardi às 21/06/2020@20:32:


B8| Valor|Sábado,domingoe segunda-feira, 20, 21 e 22 de junhode 2020

Empresas|Serviços&Tecnologia


EnsinoSemvestibularpresencial,grupousanotadoEnemdeoutrosanos


Afya já tem 70% das vagas


de medicina preenchidas


Gibbon,presidentedaAfya:plataformadeaulason-linedogrupoestásendousadaporalunosdeoutrasfaculdades

DIVULGAÇÃO

Beth Koike
De São Paulo

Como distanciamento social
provocado pela pandemia,insti-
tuições de ensinosuperiorco-
meçam a aplicar vestibulares
on-line ou usar anota do Enem
de anosanterioresparaclassifi-
car seus novosalunos.Nos cur-
sos de medicina,processoseleti-
vo maisconcorrido do país,já
há instituições de ensinocom
boa partedas vagasdo segundo
semestrepreenchidas. É ocaso
da Afya, que está comcercade
70% de suas 653 vagasde medi-
cina preenchidas para as turmas
que iniciamas aulasem agosto.
Os calouros usaramas notas que
obtiveram no Enem entre os
anosde 2015e 2019.
A expectativada companhia é
chegar a 9,7 mil alunos matricu-
ladosna graduaçãode medicina,
cujamensalidademédia é de
R$ 8,2 mil. “Não estamossofren-
do problemasde evasãoe ina-
dimplência. A famíliatoda ajuda
quando ojovementranocurso
de medicina”, disse Virgílio Gib-
bon,presidentedaAfya.
“Consideramosque já ter con-
seguido captaros alunos émuito
positivoedestacaaresiliênciado
negócio da escolade medicina”,
afirmou Marcelo Santos,analista
doJPMorgan,emrelatório.
A Afya manteve sua projeção
de fecharoprimeirosemestre
com receita líquida entre
R$ 475 milhõeseR$510 mi-
lhões. Essasestimativasnão con-
sideram possíveis aquisições,
que continuamsendoanalisa-
das mesmo na pandemia. A
transação maisrecente,ocorrida
em fevereiro, foi a comprado
CentroUniversitárioSão Lucas,
de Porto Velho (RO), por
R$ 341,6milhões.O grupoAfya
levantouUS$ 300 milhõescom
sua aberturade capitalna Nas-
daq, no ano passado.
SegundoGibbon,nas demais
graduações da áreade saúdee
em cursoscomodireito e enge-
nhariaa inadimplênciaaindaé
pouco expressiva. O grupoestá
oferecendoa possibilidadedea
mensalidade atrasadaser paga
em12vezesnocartãodecrédito.
A demanda de alunos pedindo
redução de mensalidade tam-
bémébaixa, disseoexecutivo.

“Nossos alunos estão assistindo
aulas on-line por meio da nossa
plataforma, que é capazaté de
ofertar aulas práticas virtuais. En-
tão, acredito que elessentem que
não houve interrupção das ativi-
dadesparapedirdescontos.”
A plataformade aulasvirtuais

Raiox
Dadosda empresa de educaçãoAfya

Fundação
Em 2019, coma fusãode NRE e Medice

Estrutura acionária
39%
Mercado
34%
FamíliaEsteves

26%
FundoCrescera

1%
Executivos

Medicina
7.
Cursos ligadosà saúde
7.
Outrasgraduações*
10.61 7
Cursospreparatórios
10.26 5
Especialização
4.
Total
40.

Númerode alunos por área

Número de instituiçõesde ensino
17
Praçasde atuação
Bahia,MinasGerais,Pará,
Paraná,Piauí,Rio de Janeiro,
Rondôniae Tocantins

Receitalíquida
R$ 272milhões,alta de 27%
Lucrolíquidoajustado
R$ 124milhões,altade 131%

Desempenho no primeiro tri de 2020

Fonte:Empresa,* Direito, Engenharia e Psicologia,entre outros

da Afyaestá sendoutilizadape-
los 40,6mil alunos do grupo.
Alémdisso,9milestudantes de
medicinade outrasinstituições
de ensinoprivadase públicas es-
tão usandogratuitamenteapla-
taforma.“Sãoalunosdos últi-
mos anosde medicina que esta-

vam sem aulasporque a faculda-
de delesnão têm estrutura para
ministraraulasadistância”, dis-
se Julio De Angeli,vice-presiden-
te de inovação e educaçãoconti-
nuada da Afya.
No total, 32 instituiçõesde
ensino, sendo40% universidades
federais, passaram a usar a ferra-
menta.“A plataforma foi muito
bemaceita. Atecnologia possi-
bilita um aprendizadopersona-
lizado, conformeas necessida-
des do aluno.Além disso, são in-
cluídos conteúdos, pesquisas
médicas a todomomento”, disse
o médico Rafael Munerato,
membro do conselho de admi-
nistraçãoda companhia.
Aestratégiada Afya éconven-
cer partedessasinstituições de
ensino a contratar sua platafor-
ma de serviços paraoano letivo
de 2021.Universidadesfederais
e váriasestaduaisestão paradas
na pandemiadevidoà faltade
infraestrutura tecnológicacapaz
de permitirministraraulasvir-
tuaise oferecer material didáti-
co adaptadoao mundovirtual.
“Temos testeson-lineparaos
alunos que estãono internato e
vãofazerexamespararesidência.
Essaprovaé tão difícil quanto
entrar na graduaçãodemedici-
na”,disseMunerato.

IMPACTOSDO


CORONAVÍRUS


Imprecisão dos


dados é desafio


para companhias


Pesquisa


JoãoLuiz Rosa
De São Paulo

Se dadossão o novotesouro
das nações, como concordam
muitosespecialistas,entãooBra-
sil precisade um mapamaisexa-
to. Umapesquisa internacional
feita pela SerasaExperian,grupo
de serviços de informação,mos-
tra que 92% das organizações
brasileiras reconhecem que da-
dos são um dos itensmaisvalio-
sos para o futurodos negócios.A
porcentagemé amaior entreos
seis paísespesquisados—os de-
mais são Alemanha,Austrália,
EstadosUnidos, França e Reino
Unido—eestá acimada média
geral,de 85%. O problemaé que
para28% das empresas do país
há umaquestão crucialasupe-
rar: as informaçõesde que dis-
põemsão consideradasimpreci-
sas, o que tornaarriscadousá-las
paracriarestratégias.
“As empresasestãocomeçan-
do aperceber afalta de comple-
tude dos dados”, diz Thomas
King,gerentede produtossênior
da Serasa Experian. No mundo
inteiroháumacorridaporrecur-
sos de inteligência artificialpara
tirar vantagemdos dados,em es-
pecialo aprendizado de máqui-
na, que é a capacidadede um sis-
temaaprender consigomesmo
aoavaliargrandesvolumesdein-
formação.Masparaobterbenefí-
cios reais,alertaKing, as compa-
nhiasprecisam, primeiro, orga-
nizarbemosdados.
A pesquisamostraque, para a
maioriadas companhiasno Bra-
sil, oimpacto dos custosrelacio-
nados a dadosé considerado um
problema. Oíndice,de 87%,é o
maisalto entreos paísesmensu-
radose está acimada médiain-
ternacional,de 78%.Metade das
companhias afirma que acon-
fiabilidadedas análisesépreju-
dicadapelo alto nívelde impre-
cisão. “As empresasinvestem,
mas não têm confiançano que é
gerado”, afirmaKing. “Por isso,
não veemretorno ou benefício
do investimento.”
Um dos maiores desafios é
descentralizar o acesso às infor-
mações efazercomque mais
pessoas na organizaçãopossam
extrair valordos dados.É me-
lhorar a chamadafluência,con-
siderada muitobaixa por en-
quanto. Porcausa da falta de ex-
periência,as informações ainda
estãomuito concentradasem al-

gumasdivisõesdas empresas e
restritas agrupos específicos
nessasunidades.No Brasil,90%
dascompanhiasdisseramconsi-
derarque afluênciaserá essen-
cial nos próximos cincoanos.A
média internacional é de 84%.
“É precisolevara culturade
dadosparaodiaadiaefazercom
que maispessoassejamrespon-
sáveis por seu tratamento”, diz
King.Emmédia,cercade30%das
1,1milempresasconsultadaspe-
laSerasaExperiannospaísespes-
quisadosdisseramjá ter progra-
masemandamentoparaaumen-
tar a fluência;outros36% afirma-
ram que planejamestabelecer
iniciativas nos próximos12 me-
ses. No Brasil,os númerossão
maiores:32% das organizaçõesjá
colocaramalgumprograma em
práticae 45% pretendemfazeris-
soematéumano.
Essabuscamarca aascensão
de novascarreiras, em especiala
de um tipo de profissionalque
tendeasermuitocobiçadonofu-
turo —odiretorde dados. Como
muitasoutrasfunções executi-
vas, essa também tem se popula-
rizado por uma sigla em inglês,a
de CDO,que significa“chief data
officer”. Cabea esse profissional
fazercomque os dadosfiquem
maisacessíveisnascorporações.
Comaexpansão da internet e
outrosfenômenosdomundodigi-
tal, comoas redes sociais eoco-
mércioeletrônico, um enormevo-
lumede dados dosconsumidores
passouaser coletado,oquetem
ajudado acriar novosnegócios e
redirecionar companhiasjá exis-
tentes.Mas especialistastêm ad-
vertido quepara ingressar no que
consideram umanovaordemso-
cial será fundamental investir na
formação de engenheiros para
atenderàdemandacrescente.
O levantamento da Serasa Expe-
rian mostra que 93% das empresas
brasileiras pretendemcontratar
pessoas especializadas em dados
nospróximosmeses,acimadamé-
diamundial,de84%.
Apesquisanãoabordaques-
tões específicas relacionadas à
formação profissionalou uma
eventualfaltade talentos.Esse
mercado, no entanto, tendea ser
muitodisputado, diz King,por-
que exigirá profissionais com
habilidades específicas e, por
enquantoraras.É ocaso de cien-
tistas de dadoseespecialistas
em aprendizado de máquina.
“São frentesnas quaisas pessoas
aindaestãose especializando”,
afirmao executivo.

Fonte:SerasaExperian

Petróleodigital
Dadossão consideradosessenciais,mas prospecçãoaindaé duvidosa
Países(% das empresasqueconcordam)

Alemanha
Austrália
Brasil
EstadosUnidos
França
ReinoUnido

Dadossão um dos itensmaisvaliososparao desenvolvimentodos negócios

83

020406080100

86
92
84
89
84

Alemanha
Austrália
Brasil
EstadosUnidos
França
ReinoUnido

Dadosdisponíveisna companhiasão imprecisos

26

20 40 60 80 100

26
28
31
25
26

Alemanha
Austrália
Brasil
EstadosUnidos
França
ReinoUnido

Custosrelacionadosaos dadossão consideradosum problema
72

20 40 60 80 100

80
87
75
82
77

Alemanha
Austrália
Brasil
EstadosUnidos
França
ReinoUnido

Conhecerdadosdeveser competência de todosos funcionáriosem cincoanos

84

020406080100

84
90
84
83
82

Alemanha
Austrália
Brasil
EstadosUnidos
França
ReinoUnido

Pretendemcontratarprofissionaisespecializadosem dados em dozemeses
84

020406080100

80
93
82
90
85

La Haus,da Colômbia,recebenovoaporte


DIVULGAÇÃO

RodrigoSánchez-Ríos,sócioda La Haus:melhoriasno site e novos produtos

Startups


Gustavo Brigatto
De São Paulo

A startupcolombiana La Haus,
que atua no setorimobiliárioem
seu país de origeme no México,
recebeuum aportede US$ 10 mi-
lhões. Arodadafoilideradapelo
fundo argentinoKaszek. Partici-
param tambémos fundosameri-
canosAcrewCapital,IMO Ventu-
res, BeresfordVentureseNFX. O
NFX e aKaszekjá tinhampartici-
paçãonacompanhia.
A novarodadatambémcon-
tou com investidores pessoafísi-
ca,comoocolombianoDavidVé-
lez, fundadordo Nubank, eo
americanoBrianRequarth, fun-
dadordo Vivareal—que se jun-
tou ao Zap em 2017,no que deu
origemao grupoZap. Em março
desteano, acompanhiafoi com-
pradapelaOLX.
Comoaporte,acompanhiafun-
dadaem 2017por Rodrigo Sán-
chez-Ríos, Santiago Garcia, e os ir-
mãosJerónimoe Tomas Uribe,fi-
lhos do ex-presidente colombiano
ÁlvaroUribe,somaUS$16milhões
em recursoscaptados. De acordo
comSánchez-Ríos, diretorfinan-
ceiro, o dinheirorecebido agora
será usado para facilitaro uso do
sitepelopúblicoecriarprodutos.
ALaHausatuacomoumaimo-

biliáriadigital,fazendointerme-
diaçãode comprae venda de
imóveis.SegundoSánchez-Ríos,
apandemiaajudouacompanhia
aganharmercadoao estimular
os negóciosno ambientedigital.
Nos últimosmeses,afatia da La
Hausaumentoude 4% para30%
das transaçõesimobiliárias nas
cidadesdeBogotáeMedellín.
Alémdessascidades,aempre-
sa operana Cidadedo México,
aondechegouno iníciodo ano
passado. Segundo Sánchez-Ríos,

aexpansão paramaislocalida-
des é analisadaconstantemente,
mas a empresa estásatisfeita
comsuapresençaatual.
O modeloda La Hausse asse-
melha ao da brasileira Quin-
toAndar. GabrielBraga,um dos
fundadoresda companhia,foi
colegade classede Sánchez-Ríos
e de JerónimoUribeno cursode
MBAna Universidade Stanford
entre 2012 e 2013. Vélez, do Nu-
bank,integrouamesmaturma.
A La Hausnasceudentro da Ja-

guarCapital,empresa de desen-
volvimento imobiliário fundada
por Sánchez-RioseJerónimoUri-
be e que permanece em opera-
ção. A Jaguartinhadesenvolvido
tecnologiasprópriasparaanáli-
se e planejamento de suas obras
e os sóciosperceberamque as
ferramentas poderiam ser apro-
veitadasemumnovonegócio.
As startups do segmento imo-
biliário têm atraídoatenção na
América Latina por causa da ine-
ficiência existente em segmentos
desse mercado. Em 2019, as com-
panhiasque atuamna área, as
chamadas proptechs, receberam
US$ 460milhões em aportes de
fundos de investimento,odobro
de 2018e o equivalente a10% de
tudoque foi aplicado na região
no ano,segundo aAssociação La-
tino-Americana de Private Equity
eVentureCapital(Lavca).
Aprincipaloperaçãoem 2019
foi o investimentode US$ 250
milhões recebido pelo Quin-
toAndar.Aoperação elevoua
companhiaao statusde “unicór-
nio”,comosãochamadasascom-
panhiasnovatascomvalorde
mercadosuperioraUS$ 1 bilhão.
Emjaneirodesteano,aLoft,ou-
tra brasileira, atingiu esse pata-
mar, com uma rodada de
US$ 175 milhões.Recentemente,
a Loft tambéminiciousua opera-
çãonaCidadedoMéxico.

By_Lu*Ch@Qu£

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