Clipping Banco Central (2020-08-01)

(Antfer) #1

Banco Central do Brasil


Revista Exame/Nacional - Estados Unidos
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Banco Central - Perfil 1 - FMI

As estratégias para impulsionar a economia
podem ser diferentes, mas a retórica dos dois
candidatos não muda muito. “Parece que está
difícil escapar do discurso nacionalista que vem
se acentuando no mundo”, diz o economista
americano Jon Lieber, diretor do Eurasia
Group, principal consultoria de risco político do
mundo. “Aumentar os impostos para reduzir as
desigualdades está de acordo com a política
econômica do Partido Democrata, mas
anunciar um pacote econômico tão arrojado é
algo que se assemelha um pouco à retórica de
Trump.”


Há outras semelhanças entre os candidatos.
Ambos são brancos, homens e bem-sucedidos
em um país onde as desigualdades —
principalmente as raciais — têm saltado aos
olhos. Biden, com décadas de serviços
prestados ao Congresso e à Casa Branca, vem
de uma típica família de classe média dos anos
1950 e 1960, quando isso significava não ter
muitas dificuldades para arcar com os custos
de uma boa universidade e ocupar postos
importantes. Bastava estudar, perseverar e
seguir em frente. Biden tornou-se senador por
Delaware em 1972, apenas três anos depois de
se formar em direito pela Universidade de
Syracuse, no estado de Nova York. O Partido
Democrata sempre viu nele, um dos senadores
mais jovens do país, um político com potencial
de chegar à Casa Branca. “A questão agora é
se ele tem fôlego para vencer uma corrida
presidencial em um dos momentos mais
críticos da histórica americana”, diz Nancy
Vanden Houten, economista-chefe da
consultoria Oxford Economics. “Ninguém sabe
quanto tempo a pandemia vai durar, o que
pode diminuir a chance de Trump, ou
exatamente quando a economia vai dar sinais
reais de melhora.”


Os Estados Unidos ocupam a liderança
mundial no ranking dos países com mais casos


de covid-19, com mais de 4 milhões de
pessoas infectadas. O Fundo Monetário
Internacional prevê uma retração da economia
americana de 5,9% neste ano. A boa notícia é
que, em 2021, deve haver uma recuperação,
com um crescimento de mais de 4% do PIB.
Em junho, o mercado de trabalho surpreendeu
positivamente, com a criação de 4,8 milhões de
vagas de trabalho, 11% acima do esperado.
“Mas ainda é cedo para saber se esses são
sinais reais de retomada econômica”, diz
Houten. “A verdade é que estamos na mais
profunda crise econômica das últimas décadas,
e as empresas americanas ainda precisam
enfrentar uma concorrência ferrenha com a
China.”

No campo geopolítico, as coisas também vêm
esquentando, com uma escalada de tensões
entre a China e os Estados Unidos. Agora, não
é só a guerra comercial, iniciada em 2018, que
preocupa. “No nível diplomático, o fechamento
de consulados, de um lado e de outro, é algo
que não se tinha visto até então”, diz John
Sitidiles, especialista em relações
internacionais da Universidade Colúmbia e
consultor do governo americano para assuntos
relacionados à geopolítica. “Mas provavelmente
não haverá grandes mudanças na relação
entre a China e os Estados Unidos com uma
eventual vitória de Biden, já que se trata de
uma questão estrutural, que tem muito mais a
ver com uma luta pela primazia mundial do que
com questões partidárias americanas.”

Há muito em jogo entre os dois países.
Enquanto a economia americana deve descer
ladeira abaixo neste ano, como a maioria dos
países, o PIB da China, primeiro país a sair do
lockdown durante a pandemia, deve crescer
2,2%. As previsões são baseadas nos
resultados preliminares do primeiro semestre.
Os Estados Unidos ainda estão longe disso. “O
déficit na balança comercial americana em
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