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Estabeleceremos, a propósito dos Mandchu, a correlação entre estes
diversos fenômenos. Bastará ter trazido aqui esta indicação suplementar
da continuidade dos sistemas periféricos com o sistema chinês.
Aparentemente, o sistema de parentesco dos Tungu não tem mistério.
Sternberg e Shirokogoroff estão de acordo em assinalar o casamento entre
primos cruzados bilaterais e a troca das irmãs entre clãs. Sternberg
retoma várias vezes a se ocupar destes caracteres simples. n E Shiroko-
goroff confirma: "Até a época presente, o costume de trocar as mulheres
é um dos métodos preferidos para encontrar esposa. Entre vários outros
grupos Tungu esta é praticamente a única maneira de alguém se casar"."
Haveria, ademais, o possível casamento com a filha da irmã mais velha,
e as relações sexuais são permitidas com a mulher do irmão mais moço do
pai, o que implica, conforme diz Sternberg, "o casamento por troca e
a união sexual entre gerações consecutivas", ,.; bem indicados pela equa-
ção: irmã do pai (atki) = irmão mais velho. Tudo sugere portanto que
estamos em presença de um sistema simples de troca restrita. É preciso
examinar os fatos muito mais de perto para descobrir que esta aparente
simplicidade é perigosamente ilusória.
Do ponto de vista que nos interessa, dois grupos Tungu têm parti·
cular importância. São, de um lado, os Tungu setentrionais, que pro·
vavelmente ocuparam toda a China Oriental, ao norte do Yang Tsé, até
o terceiro milênio antes de nossa era, data na qual começaram a ser
repelidos; para o norte pelOS chineses vindos da China Ocidental;" e
os Mandchu, que consituem um grupo de origem Tungu intimamente
associado à vida e às instituições chinesas. Um e outro foram estudados,
em publícàções infelizmente sobrecarregadas de obscuridades, por Shiro·
kogoroff.
Consideremos, primeiramente, os Tungu do norte, que se distribuem
em clãs patrilineares e exógamos. "É freqUente dois clãs serem ligados
por um sistema de troca, tal que o clã da mãe fornece as mulheres. ,;
Assim, entre os Birarcen, os clãs encontram-se aos pares; a saber. maaka-
gir troca suas mulheres com malakul, duniinkiin com mÕkogir. A mesma
situação é encontrada entre os Tungu da Trans·Baikálie, onde temos os
pares intercambiantes turujagir e godigir, e éiléagir e kindigir.
~"~, X " " .. " .~ .. ~
Ucatkan li ) GovaH'
Quando se passa para o grupo Kamarcen, a situação é muito menos
clara. Na origem, dois velhos clãs, man'agir e uilagir, teriam sido ligados
- The Social Organization 01 the Gilyak, op. cit., p. 62-63; The Turano-Ganowanian
System ... , op. cit., p. 327. - Shirokogoroff, Social Organization af the Manchus. Royal Asiatic Society (Narth
China Branch), extra vaI. 111, Shanghai, 1924, p. 69. - Sternberg, The Social Organization ... , op. cit., p. 55·65, 144.
- Shirokogoroff, Social Organization 01 the Northern Tungus, Shanghai 1929, p.
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