Quatro Rodas -Edição 739 (2020-11)

(Antfer) #1

68 quatro rodas novembro


clássicos | miura x11


F


alecido em outubro, o empresá-
rio Itelmar Gobbi será sempre
lembrado como o espírito criati-
vo nas linhas dos esportivos Miura,
produzidos em Porto Alegre pela
Besson Gobbi & Cia. desde 1977. A
parceria com o sócio Aldo Besson re-
sultou em um grau de refinamento
incomum para carros nacionais, não
havendo limites para a extravagância:
o pináculo da sofisticação seria alcan-
çado em 1990 através do cupê X11.
O conceito original do X11 (assim
batizado por ser o 11º modelo do fa-
bricante) era o de ser uma versão
mais acessível do cupê X8, com ban-
cos revestidos de tecido e sem opção
do ar-condicionado. A baixa procura
pelo modelo espartano fez com que a
ideia fosse rapidamente abandonada:
um grupo de executivos viu no X11 a

quer tempo ou recursos para ser ho-
mologado junto ao Denatran”, conta
Sandro Zgur, presidente do Miura
Clube do Rio de Janeiro. “O que pou-
ca gente sabe é que, tecnicamente fa-
lando, todo X11 tem seus documentos
registrados como X8, situação curio-
sa que ainda confunde muitos entu-
siastas do esportivo gaúcho.”
Renomeada Besson, Gobbi S.A., a
empresa também fez questão de
abandonar o anacrônico e incoerente
carburador do motor Volkswagen
AP-2000 até então utilizado do X8
pela injeção eletrônica analógica
Bosch LE-Jetronic de quatro bicos, a
mesma do Gol GTi. Os freios eram a
disco nas quatro rodas e contavam
com o auxílio do sistema ABS desen-
volvido pela Varga. As suspensões, as
mesmas do VW Santana, ofereciam

oportunidade perfeita para mostrar
que a empresa era capaz de enfrentar
a invasão dos importados, e assim ele
fez sua primeira aparição na 16a edi-
ção do Salão de São Paulo.
Seu nível de equipamentos era su-
perior ao do já consagrado X8, repre-
sentando o que havia de mais exclusi-
vo na indústria nacional: direção
hidráulica, ar-condicionado, teto so-
lar, interior revestido de couro, trio
elétrico, abertura das portas por cha-
ve presencial, bancos e coluna de di-
reção com ajustes elétricos, retrovisor
fotocrômico, televisão no painel,
computador de bordo com sintetiza-
dor de voz e o bargraph – uma barra
de luz rítmica na dianteira que acom-
panhava a fonética do sintetizador.
“O X11 foi desenvolvido em tempo
recorde, tão rápido que não houve se-

Preparado para enfrentar a invasão estrangeira, ele representou (literalmente)
a última palavra de sofisticação e requinte entre os fora de série

Inteligência artificial


Cupês esportivos de tração dianteira eram tendência nos anos 80. Faróis escamoteáveis entregavam a idade do projeto


Por Felipe bitu | fotos Fernando pires


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