Revista Literária Prosa & Versos
CARLA BRANDÃO LOPES
DIVISÕES DE FIM DE ANO
Seabra, 17 de Novembro 2020Penúltimo mês do ano, e eu já me pego
fazendo mil e uma conjecturas acerca do que
virá para o ano vindouro. O que diferencia
esse ano dos demais é a incerteza do que virá.
Na verdade, o problema é que com a atual
situação em que o mundo se encontra nem
é possível fazer planos. 2020 foi o ano mais
atípico que já vivenciei, e acredito que, como
eu, a maioria das pessoas sentem o mesmo.O trabalho foi alterado drasticamente,
as atividades de lazer também, com a roti-
na de casa não foi diferente. E aí me pego
num pensamento tão aleatório quando os
acontecimentos do ano: como serão as fes-
tas de final de ano? Quero de antemão dei-
xar bem claro que eu nunca fui amante das
comemorações de fim de ano. Sou tomada
por uma sensação de vazio e desolação por
não ter concluído projetos, não ter alcança-
do metas, realizado sonhos, e nem me dou
conta da quantidade de outras coisas boas
que aconteceram durante os 12 meses pas-
sados. Acho que o ser humano é meio queisso, somos tomados incessantemente por
aspirações, sem pararmos para analisar o
que acontece de bom na ausência de ideali-
zações ou anseios.Analiso melhor os fatos e percebo que,
provavelmente, as festas de final de ano se-
rão, como a maioria das vezes foi, sem a fa-
mília completa. Sempre falta um ou outro,
já que cada um tem suas especificidades e
particularidades com suas outras famílias. E
aí percebo que não existe mais uma família,
são várias, e cada uma vai crescendo na me-
dida que outras acabam diminuindo.Maridos, esposas, namorados... e assim
nossas vidas vão se mesclando a outras e
nem sempre é simples fazer com que todos
convivam perfeitamente em harmonia (quem
me dera fosse possível). Hábitos distintos,
vontades mais distintas ainda, e as pessoas
vão se juntando a umas enquanto, sem per-
ceber, se afastam de outras. E que fique cla-
ro, esse “afastamento” não quer dizer que o