EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 297
Edson – Ele em algum momento foi ríspido, duro, impunha
alguma posição?
Carlos – O Marighella, no meu caso particular, havia uma sintonia
muito grande de pensamentos e ideias, por quê? Pela própria maneira
que nós nos ligamos a ele e que ele não decepcionou. Ele por ter
jogado aquela palavra de ordem de “faça a revolução”, ele foi melhor
do que a expectativa. A única coisa que eu questionei bastante com
ele, que o nosso grupo era legal e um grupo de classe média alta, com
relações, por exemplo: eu já estava na Odontologia, Fred já estava na
Arquitetura, na Nacional, o Molina estava na Química, quer dizer,
nós tínhamos uma relação com as faculdades muito importante e
eu achava que nós não deveríamos nos expor às ações diretas, não
ficarmos queimados pelas ações diretas. E aí o Marighella disse não,
porque faltavam quadros e nós tínhamos que nos preparar para isso,
a guerrilha rural. Mas eu não concordei e acho que estava certo
nesse processo. Mas essa eu me lembro que foi uma argumentação
que houve. A gente tinha contato com o Marighella, e aí justamente
no meio dessas coisas eu solicitei, ele veio na hora. Aí é que está, ele
poderia dizer “esses moleques aí tem que fazer o que eu mando”, mas
ele veio aprofundar a discussão.
Edson – No início, quando vocês entraram na ALN, não estiveram
em contato direto com ele?
Carlos – Direto não. Tinha uma pessoa que era o contato.
Edson – Eu havia preparado um roteiro aqui para a entrevista
e você, de certa forma, se antecipou, o que facilita o meu trabalho.
Carlos – Assim como a minha trajetória até chegar ao Marighella,
as expectativas eram muito específicas. Outras pessoas, por exemplo,
que vieram para a ALN do racha no partidão devem ter tido outra
visão. É isso que está faltando, eu até falei com o Emiliano lá no livro
dele, e falei: seu trabalho é muito bom, muito técnico, mas esse lance