EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 331
“Eu já, tomar armas”.
“Então você vai fazer”.
E eu já tinha participado daquele negócio do trem, mas de longe,
eu era reserva, mas aí ele me pegou e me deu um revólver de brinca-
deira e me deixou na porta do banco. Você imagina que depois que
o assalto saiu eu não conseguia nem andar. Eles me carregaram um
quarteirão inteiro para o carro, não conseguia andar, não conseguia
fazer o carro funcionar e só eu que sabia guiar, como é que ele iria?
Edson – Ele participou da ação?
Roberto – Ele, eu e mais dois caras, que eu desconfio, que era esse
cara que era o comandante aí deles depois, o irmão do Virgílio Gomes.
Edson – Nessa ação você ficou fora?
Roberto – Fora com um revólver de brinquedo para não deixar
ninguém entrar. Os três entraram, eles já viviam na realidade, eu não
sei se ele queria me testar, fazer alguma coisa, ele gostava muito de
mim, o Marighella. Eu guiava muito bem, ele gostava muito que eu
guiasse o carro para ele, quando ele chegava e tal.
Edson – Em algum momento vocês foram parados pela polícia?
Roberto – A gente escapou de cada uma que eu vou te contar. Era
uma sorte, não era dia mesmo. Um dia eu estava na Heitor Penteado,
tinha a maior batida lá, tinha um negócio fechado ali, uma batida, eu
e o Marighella não andávamos nas avenidas, eu conhecia muito São
Paulo, a gente só andava nas ruas secundárias, nunca eu andei com
o Marighella na Paulista, nunca na Rebouças, nunca, nunca, nunca,
só em ruas secundárias. No fim de 1966 para 1967, eu fui trabalhar
numa firma de planejamento, e lá tinha um núcleo da ALN. O chefe
lá era o Farid Hellu, que era o segundo homem da organização em
São Paulo, e a gente planejou a maioria dos assaltos em São Paulo,
nós planejamos lá. Era um núcleo formado por seis pessoas, um dos