marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
338 CARLOS, A FACE OCULTA DE MARIGHELLA

dominicanos. Ele mostrava sempre pra gente que ele estava sempre
otimista, dava sempre notícia de fora e: “Não, agora a gente vai ter
apoio; não, agora a gente vai caprichar mais na propaganda”. Tanto
assim que uns dias antes, num 1º de maio daquele ano, nós fizemos
uma puta de uma divulgação aqui em São Paulo. Eu me lembro
que eu fui escalado para ir na Praça da Sé, eu fui muito carregado
mesmo, de manifesto. O pessoal tinha ido de madrugada e tinha
colocado em cima dos prédios, era feriado e o vento começava a levar
os manifestos. Quando eu cheguei lá na Sé, já estava caindo muito e
a repressão chegou braba na Praça da Sé, eu estava carregado. Então,
eu fui até uma banca de jornal e coloquei ali em cima, como estava
ventando... Quando eu cheguei ali tinha uns três caras da ALN, não
pegaram ninguém ali.


Edson – Nesses 20 dias antes da morte de Marighella, ele se
encontrava numa posição de recuo ou ele...
Roberto – O que o Marighella cobrava era a ida para o campo.
Ele cobrava muito da gente aqui de São Paulo.


Edson – O que ele falava?
Roberto – Eu não sei o que falhou nesse negócio do campo.
Ele falou que não eram recursos, que a gente tinha, a gente fazia os
assaltos de cara limpa, todo mundo de cara limpa. Então, tinha uma
expectativa de que o cara ia se queimar logo, tinha que se mandar logo.
Daí não foi embora, ficaram anos e anos assaltando com cara limpa.
Deixa eu contar para você uma parte aqui. O grande pepino nosso
sabe quando foi? Um troço inteligente que a repressão fez: quando teve
o Congresso de Ibiúna, que eles levaram o pessoal do Dops, ficaram
lá 40 dias e o resto ficou mais tempo. Eles ficharam todo o pessoal
de Ibiúna. Na ALN, 80% era universitário, principalmente da PUC
de São Paulo, as grandes lideranças do grupo armado, era o Fleury,
que era da PUC, e o Takao, que eu não sei se era da PUC. Mas eles

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