marighella

(Ornilo Alves da Costa Jr) #1
EDSON TEIXEIRA DA SILVA JUNIOR 341

dos tupamaros lá no Sul, lá em Porto Alegre, ele depois foi assassi-
nado ali na fronteira e apareceu que ele se enforcou numa pia. Na
realidade, não dá para você ter uma certeza sobre as coisas. Deixa
eu contar uma coisa, eu fui preso no dia 4 de novembro de 1969, a
uma e meia da manhã. Antes da morte de Marighella, ele foi morto
as 20 horas, em torno das 20 horas. Ele foi morto num carro que
estava no meu nome e num ponto que era o meu, a Alameda Casa
Branca. Eu que encontrava com o Marighella lá algumas vezes. Os
dominicanos também tinham esse ponto, isso eu achava ruim com
o Marighella, às vezes os pontos coincidiam, era muita gente num
ponto só, [não]era muito seguro. Os dominicanos, o Ivo e o Fernando,
eles começaram a ser seguidos aqui em São Paulo, daí eles marcaram
encontro com o Sinval, que não era padre ainda, mas estudava no
convento dos dominicanos, no Leme. Foram pra lá encontrar com
o Sinval, e o pessoal do Fleury foi junto com eles no ônibus, eles são
tão inocentes que não perceberam. Quando eles desembarcaram, o
Ivo levou no bolso dele o documento do carro que estava no meu
nome, eles chegaram lá... Eles saíram daqui à noite, eles chegaram
pelas oito horas lá no Rio, foram presos, levaram lá para a Marinha,
eles apanhavam da hora que chegaram até a hora que saíram de lá,
11 horas da noite. Das nove horas, mais ou menos a hora que eles
chegaram, às duas da tarde não perguntaram um “a” para eles, só
apanharam, só apanharam.


Edson – Isso ele te relatou?
Roberto – É. Depois, quando eu vi os dois, eu fui preso então à
uma e meia, cheguei lá devia ser umas duas horas, porque eles bate-
ram em mim antes de sair de casa, no carro foram buscar um outro
amigo meu, um engenheiro também, que eu conheci lá no grupo,
então eu cheguei lá pelas duas e meia, três horas. Quando eu cheguei
lá tinha uns 300 presos. Eles me levaram numa sala e deixaram todo
mundo num corredor grande, tinha uns caras, batiam nas pessoas,

Free download pdf