Delineando a pesquisa clínica 4a Ed

(AlbertoBarroso) #1
financiado pelo fabricante do rofecoxibe. O novo medicamento
causou um número significativamente menor de complicações
gastrintestinais do que o naproxeno (2,1 vs. 4,5 por 100 pacientes-
anos), ao mesmo tempo em que tinha uma eficácia semelhante para a
dor articular. O grupo que recebeu rofecoxibe também tinha mais
casos de infarto (0,4% vs. 0,1%). Após essa publicação, o rofecoxibe
passou a ser amplamente prescrito, com vendas excedendo 2,5
bilhões de dólares anuais. Antes da publicação do artigo, três casos
adicionais de infarto no grupo do rofecoxibe foram relatados ao FDA,
mas não aos autores do artigo que eram ligados à universidade ou à
revista. Dois autores que eram empregados do fabricante do
medicamento sabiam desses casos adicionais. A revista que publicou
os resultados do estudo VIGOR posteriormente manifestou
preocupação de que “o artigo não representava adequadamente os
dados sobre segurança disponíveis quando o artigo estava sendo
revisado para publicação” (17). Além de omitir os dados
desfavoráveis, a publicação estabeleceu uma data-limite para relato
de eventos adversos cardiovasculares que era anterior à data limite
para o relato de eventos adversos gastrintestinais, sem revelar isso à
revista ou aos autores acadêmicos do estudo, o que enviesou os
resultados em favor do rofecoxibe.
Posteriormente, outro ensaio clínico mostrou que o rofecoxibe
causava um número significativamente maior de infartos e acidentes
vasculares encefálicos (AVEs) do que o naproxeno (18), e o
fabricante voluntariamente retirou o medicamento do mercado.

Em outras publicações influentes, pesquisadores fabricaram ou alteraram
intencionalmente os dados, por exemplo, ao mostrarem uma falsa
associação entre vacina para sarampo-caxumba-rubéola e autismo em
crianças e ao afirmarem ter derivado uma linhagem de células-tronco
humanas usando transplante nuclear de células somáticas (19, 20).
Situações de má-prática como essas alimentam a desconfiança do público
e dos médicos e ameaçam o financiamento público às pesquisas.

Má-conduta científica


O Office for Research Integrity (Departamento de Integridade na
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