LUCÍLIA DINIZ - Vai ter Carnaval
Banco Central do Brasil
Revista Veja/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: LUCÍLIA DINIZ
Mas será diferente, com homenagens à máscara e à
vacina
Carnaval é mais do que uma festa. Carnaval é um
estado de espírito. O que está sendo cancelado neste
ano é a festa, ou até, em várias cidades, o feriado da
Terça-Feira Gorda — segundo a tradição, o último dia
em que se pode comer “gordura” antes do jejum da
quaresma (aliás, neste ano bem que a terça poderia ser
“magra”.) De qualquer maneira, festas e feriados se
cancelam, se a situação exige. Mas não se cancela um
estado de espírito. Nesse sentido, teremos Carnaval,
sim!
Não me entendam mal. Não estou louca, nem pregando
desobediência civil. Autoridades espalhadas pelo Brasil
afora foram apenas responsáveis ao tomar medidas que
evitem aglomerações desnecessárias. Afinal, se a
vacina está chegando, seu efeito mais relevante para a
sociedade — a tal imunização coletiva — ainda tardará
um pouco.
Minha proposta é que, para começar, façamos um
Carnaval diferente, com distanciamento social e com os
foliões mais mascarados do que nunca. Mas reside
exatamente nesse ponto a oportunidade de brilhar —
não um brilho de reluzentes lantejoulas, mas aquele
derivado da empatia.
Certa vez, Joãosinho Trinta, o filósofo da avenida, teria
dito que quem gosta de miséria é intelectual, pois povo
gosta mesmo é de luxo. Se estivesse por aqui hoje
talvez completasse a tirada genial, refletindo sobre o
que é luxo. Luxo não é necessariamente o dourado dos
carros alegóricos, a seda esvoaçante dos costumes, a
rica plumagem colorida sobre as cabeças. O luxo de
verdade, sua quintessência, é a simplicidade. É por isso
que a melhor fantasia para este ano é a máscara — a
máscara básica, reutilizável ou descartável, branca, azul
ou com a cor e o escudo do time do folião resguardado.