ESTHER SOLANO - Sobre mães e transfobia
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Revista Carta Capital/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: Não informado
Veio à tona a expulsão da codeputada estadual Raquel
Marques, da Mandata Ativista do PSOL, cuja titular é
Mônica Seixas. Este triste episódio nos dá a
oportunidade de refletir sobre alguns problemas óbvios
da esquerda, mas que não são pensados de forma
madura nem séria no nosso campo. Às vezes, é
realmente surpreendente como as obviedades são
ignoradas por nós. Vamos aos fatos:
- Acusação de transfobia
A codeputada da Assembleia Legislativa de São Paulo
foi acusada depois de escrever o seguinte tuíte: “Queria
que um dia o desrespeito ao direito da infância e
adolescência ganhasse na mente da esquerda a mesma
indignação que a transfobia causa”. Do fundo da minha
humildade, acho que nos encontramos aqui diante de
um exemplo típico de má interpretação de texto. Admito
que a postagem da Raquel tenha sido pouco
estratégica, pois foi feita no dia da visibilidade trans.
Mas acusá-la de transfóbica me parece um exagero
descabido.
Umas aulas básicas de língua portuguesa nos permitem
entender que Raquel não quer diminuir o papel da luta
trans, mas aumentar a visibilidade e a centralidade da
pauta sobre a infância no campo progressista, ainda
mais neste contexto de pandemia e de fechamento das
escolas que tanto sofrimento provoca em crianças e
adolescentes. Mas, se ainda restasse algum tipo de
dúvida linguística, conhecer a trajetória militante de
Raquel afastaria a opção de encaixá-la no rótulo da
transfobia. Peço, desde este espaço que ocupo, que
não sejamos levianos com acusações tão sérias como
estas. O Brasil é campeão em assassinatos de trans. A
luta contra a transfobia é essencial num país
transgenocida, mas episódios como o de Raquel me
parece que nos desviam da importância desta luta.
- Mandata coletiva?