Exame Informática (Junho 2020)

(NONE2021) #1

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EDIÇÃO 300

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ntre as teses de Antoine
Lavoisier e a ideia de ne-
gócio da AgroGrin Tech
vão mais de 250 anos e
uma boa dose de inova-
ção: se o químico francês em tempos
disse que “nada se perde, nada se cria,
tudo se transforma”, a startup portuen-
se propõe que nada se perca, e tudo se
transforme para que algo de novo seja
criado. E para provar que é possível fazer
negócio com o novo lema, desenvolveu
um sistema de recolha e processamento
de cascas, caroços, folhas, ou frutas sem
valor comercial que podem ser transfor-
mados em farinhas, sumos alimentares,
ou compostos de elevado valor comer-
cial. O projeto de negócio começou a
ser desenhado depois da atribuição de
uma primeira patente de âmbito europeu
em 2017. Atualmente, a startup está em


conversações com um produtor de fruta
da Zona Oeste, com vista ao lançamento
dos primeiros produtos resultantes de
resíduos em 2021.
“Uma das pedras de toque da nossa
empresa é gerar valor com tudo – mas
mesmo tudo. A nossa abordagem vai
no sentido do “resíduo zero”. No fundo,
seguimos o conceito de bio-refinaria,
mas em vez de produzir biocombustíveis,
orientamos os processos para a trans-
formação de detritos para a indústria
alimentar ou cosmética”, explica Débora
Campos, CEO da empresa.
Débora Campos começou a esboçar a
tecnologia que está na origem da Agro-
Grin Tech durante uma tese de doutora-
mento trabalhada entre a Universidade
Católica Portuguesa e a Universidade
de Rosário, na Argentina. Foi durante
a passagem pelo País das Pampas que

Na AgroGrin Tech, nada se desperdiça: a startup portuense
desenvolveu uma tecnologia que converte de detritos
de frutas em farinhas alimentares e compostos usados
na cosmética. A estreia deverá acontecer em 2021

DETRITOS


VALIOSOS


NEGÓCIO


CONVERTIDO


A AgroGrin Tech tem por
mentores Débora Campos,
Ricardo Gómez-Garcia e Ana
Vilas Boas (da esquerda para
a direita na foto). A empresa
pretende aplicar métodos de
transformação de detritos em
diferentes frutos e vegetais. A
AgroGrin Tech desenvolveu um
um modelo de negócio com base
na instalação de equipamentos
de trituração e desidratação,
reatores, e um pó cuja patente
pertence à Universidade Católica
Portuguesa, Universidade
do Minho, Instituto Superior
Técnico e Laboratório Ibérico
Internacional de Nanotecnologia.

a investigadora aperfeiçoou técnicas
da denominada química verde, que se
distingue por fomentar reações entre
compostos naturais e sem recurso a
substâncias tóxicas. Em 2016, no re-
gresso a Portugal, solicitou o registo
de uma patente e iniciou um projeto de
teste com a empresa Nuvifruits, com
base no em “centros” e cascas de ana-
nases. Mas esse foi apenas o primeiro
passo rumo ao filão do reaproveita-
mento de detritos.

FOTO:

LUCÍLIA MONTEIRO
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