Revista 3ª edição

(Anita Santana) #1

Nas casas, os pilões a bater o ritmo
nos almofarizes com dura, milho e mandioca
para fazer farinha.
O pilão voando, as mulheres batendo as palmas,
antes de puxá-lo de volta no almofariz.
Umas mulheres, de vez em quando,
jogavam um solo.
Aceleravam o ritmo, como querendo
esmagar todo o milho da região.
A casca de milho voava
por fora do almofariz.
O pilão pulava ágil, voava para o céu,
e ficava suspenso,
enquanto a mulher batia os palmos.
Uma vez, duas, três.
As outras mulheres, também,
ao redor dela, batendo palmas.
Os jogadores de tambores
chegavam e acendiam
um fogo de paus e palha,
para aquecer as peles
e reforçar o som dos instrumentos.
Quando os tambores foram afinados e sintonizados,
jogando sons cada vez mais penetrantes,
uma multidão de crianças cercou os músicos,
dançando sem parar.
O sol estava se pondo,
os ruídos do dia davam lugar
aos murmúrios da noite.
As sombras eram mais compridas
e a luz tornava-se avermelhada.
O ritmo acalmou um pouco.
Após, como fogo de brasas,
pareceu que se recuperasse
com a brisa da noite.

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