Newsletter Banco Central (2021-03-13)

(Antfer) #1

M.B. - O controle da “narrativa”


Banco Central do Brasil

Revista Época/Nacional - Colunistas
sexta-feira, 12 de março de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Monica de Bolle


Para quem aguentou Trump durante quatro anos, tem
sido uma tortura observar à distância como o Brasil e
suas instituições não sabem lidar com Bolsonaro. Aqui


nos Estados Unidos, o mesmo ocorreu a princípio — foi
necessário que viesse a pandemia e sua tragédia para
que a imprensa, os democratas e parte da população
aprendessem a virar o jogo, ou “mudar a narrativa”.
Trump teve o domínio da narrativa até que o sars-CoV-2
arrancou-lhe o tapete de baixo dos pés. Ainda assim,
dominou as manchetes e as análises, governou a
tensão e a angústia até o último instante. O último
instante veio no dia 6 de janeiro de 2021, com a invasão
do Congresso pelos apoiadores do ex-presidente
americano.

Como Trump durante quase toda a duração de seu
mandato, Bolsonaro domina as manchetes e os
comentários nas redes sociais. Seja porque manda o
país não chorar seus mortos, seja porque afirma serem
as máscaras prejudiciais à saúde, seja porque ameaça
os governadores que considerarem a imposição de
medidas restritivas de controle da epidemia com
represálias diversas. Os absurdos são ditos e repetidos
e, de tanto que são ditos e repetidos, acabam sendo
relativizados. O país de fato não chora seus mortos. O
país, na realidade, já não usa máscaras. As medidas
restritivas? Boa parte da população as rechaça por não
compreender seu papel neste momento. Este momento
é o mais crítico desde que o vírus chegou ao Brasil,
como tenho escrito neste espaço há várias semanas. O
papel de um governo preocupado com a saúde da
população, com as vidas, seria o de informar, o de fazer
ver a importância de usar máscaras bem ajustadas no
rosto, de evitar locais fechados e aglomerações, de
procurar locais ventilados e priorizar o ar livre. O vírus
infecta por meio da inalação de pequenas partículas que
permanecem em suspensão no ar. Por esse motivo, o
binômio máscaras e ventilação é o mais importante.

Mas ao governo Bolsonaro não interessava passar
essas mensagens, assim como não interessava
impulsionar a campanha de vacinação, inclusive por
meio de compras de doses de outros fabricantes para
garantir a cobertura necessária da população. A
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