RDFQNF_VERSÃO DIGITAL_FINAL

(Oficina dos Filmes) #1

207


SEVERINO: Eu vou ter outra filha mulher. Não preciso daquela
desgraçada pra nada. Ana que vá pros quintos dos infernos.

Severiana cozinha em silêncio. Ela chora baixinho. Eles comem em
silêncio. Severino vai pro quarto.

SEVERINO: Severiana

SEVERIANA: Já vou, meu pai. Tô arrumando a cozinha.

Ele torna a gritar.

SEVERINO: Venha logo, filha de uma égua.

Severiana termina de arrumar a cozinha e vai para o quarto. Da porta,
ela vê que, graças a Deus, Severino já está dormindo. Severiana pega
o chumbinho e mistura na moqueca de peguari e deixa na marmita
que Severino vai levar para a pescaria. No silêncio da casa, dá para
ouvir o canto forte do mar.

CENA 38 ∙ BEIRA DA PRAIA ∙ EXT ∙ MANHÃ BEM CEDO

Severino entra no barco com seu material, sua marmita e sai pra
pescar.

CENA 39 ∙ MANGUE ∙ EXT ∙ MANHÃ

As mulheres trabalham. Severiana está calada como sempre.
O vento começa a mudar.

DONA DETINHA: Vem tempestade. Vamos se apressar.

As marisqueiras cantam cantigas de trabalho.

No caminho de volta, Severiana sente as dores, a bolsa rompe.

SEVERIANA: Acode! Ai! Tem uma água escorrendo pelas minhas
pernas. Acode.

Dona Detinha se aproxima, toca na barriga, ajoelha e coloca a cabeça
por dentro de vestido de Severiana.

DONA DETINHA: Valei-me, Mãe Yemanjá. Vai nascer agora.
Corre, Helena, corre gente. Pega pano, bacia e água limpa.
Free download pdf