AF MULHERES FERIDAS 150x220 V2_bx (2)

(BROOK) #1
Mulheres feridas, nas mãos do Senhor

Uma cena horrível, que Cecília desejou mudar, se pudesse
voltar no tempo, certamente abraçaria sua mãe, e dir‑lhe‑ia
que estava tudo bem, que passaria. Dir‑lhe‑ia que aquelas luzes
nada mais eram do que os faróis dos carros que passavam por ali
seguindo cada qual o seu caminho, e que não havia com o que se
preocupar. Mas não era bem assim, não podia mudar a história.


Tentou desviar novamente os pensamentos, passando as mãos
sobre o rosto, levantou‑se mais uma vez, olhou o relógio, viu que
as horas estavam passando muito rápido, caminhou até à porta do
quarto, olhou aquele imenso corredor vazio, todos que dormiam,
exceto alguns enfermeiros de plantão.


De repente, Cecília explodiu em uma forte risada, como se
fosse uma criança, riu compulsivamente; esta lembrança agora era
engraçada. Lembrou‑se de que quando Ângela virava as costas
para viajar, os amiguinhos vinham para brincar, e ali ficavam na
frente do portão, horas e horas, mas quando viam o farol do seu
carro, que por algum motivo desistia da viagem, se aproximar de
casa, todos gritavam:



  • Corre, corre! Ela voltou! Ela voltou.


Entravam todos em pânico, e com medo, saiam correndo pelos
quatro cantos da rua gritando e sem direção, tombando um contra
o outro, na esperança de fugirem da selvagem mãe de Cecília.
A mulher, ao longe, via que eram seus filhos na companhia dos
amigos de rua a se espalharem pelo caminho. A senhora Ângela
não sabia se ria da cena, ou se ficava nervosa com a desobediência
dos filhos, contudo, quase sempre resultava em uma terrível surra
ao chegarem todos em casa.

Free download pdf