EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: FUNDAMENTOS E APLICAÇÕES
O emprego de consumos específicos já é bem conhecido e, eventualmen-
te, imagina-se que uma auditoria energética sempre deve conduzir a eles. Na
verdade, ainda que desejável, as vezes é bastante complexo associar a energia
que entra na empresa a uma unidade de produto acabado. É o caso de empre-
sas com grande estoque intermediário ou com uma linha variada (e variável...)
de produção. Em tais situações a determinação dos consumos específicos "na
saída" é difícil em muitas aproximações, podendo ser substituída pelo cálculo
"na entrada". Ou seja, o consumo específico é referido às unidades de matéria
prima, em geral de fácil obtenção, ou ao faturamento, mais difícil por questões
de sigilo na empresa.
A ferramenta analítica básica, para a identificação de perdas energéticas
em sistemas elétricos e mecânicos, é sempre a Termodinâmica, especialmente
através de sua Primeira Lei, que permite a contabilidade dos fluxos em uma dada
fronteira. No entanto, reconhecendo que fluxos energéticos têm também qualida-
de, tem sido sugerida a análise pela Segunda Lei, sendo possível demonstrar, por
exemplo, que fluxos energéticos de igual valor, mas sob temperaturas diferentes,
têm qualidades ou disponibilidades termodinâmicas distintas. O uso da proprie-
dade exergia e da análise exergética simplifica tal abordagem e vem se difundindo
de modo interessante, entretanto, observa-se mesmo um excessivo apelo a tal tipo
de análise, cuja aplicação só faz sentido em auditorias que envolvam processos de
reações químicas ou elevadas temperaturas, ou ainda, apresentem potencial de
cogeração (Nogueira, 1986). Colocado em outros termos, a maior complexidade
imposta pela análise exergética deve estar justificada pela existência de significa-
tivos desníveis de temperaturas entre os pontos de geração e utilização de ener-
gia térmica ou pela presença de processos de conversão de calor em trabalho ou
vice-versa, neste último caso como ocorre em sistemas com geração de frio para
ar condicionado ou frigoríficos. Quando os fluxos de calor não são relevantes, é
perda de tempo ponderar os fluxos por seu valor exergético.
Um último aspecto, não menos importante, é a necessidade de priorizar os
itens a serem estudados na auditoria, centrando a atenção nos casos efetivamente
mais relevantes. Devem ser o primeiro alvo de preocupação os equipamentos e
processos de menor eficiência, baixos investimentos para racionalização energé-
tica e que permitam breve retorno, geralmente relacionado com as situações onde
se treinam e capacitam técnicos e operadores. Ao final do relatório da auditoria
energética é muito importante que conste uma síntese, indicando as ações reco-
mendadas em nível de projeto/concepção (envolve substituição ou alteração de
sistemas), operação e manutenção, com as prioridades correspondentes, em uma
matriz sintética, como indica a Tabela 3.2 a seguir. Naturalmente que as ações de
maior prioridade são, como acima, definidas com base nos indicadores custo/
benefício e impacto esperado em economia energética.