estava convencida de que não tinha mesmo outra escolha.
A reunião de Tammy com o dono da estação televisiva no dia seguinte foi menos
emocional. A princípio, ele mostrou-se zangado e depois resignou-se. Achava que o que
Tammy estava prestes a fazer era uma loucura. Disse-lhe que ela estava a deitar a carreira
dela para a rua. E abandonar o emprego, tal como ele fez questão de frisar, não iria
restituir a visão à irmã. Tammy salientou que isso era, de facto, verdade, mas poderia
ajudá-la e apoiá-la durante este momento tão terrível, ajudando também os outros que
estavam com ela. O patrão entendeu o ponto de vista de Tammy, mas aquela não seria
uma decisão que ele alguma vez tomasse. E era por essa razão que ele era o dono da
estação televisiva e não ela. Mas Tammy também sabia que a vida privada dele era um
caos. A mulher abandonara-o há dois anos por causa de outro homem e os seus dois filhos
andavam metidos na droga. Por isso talvez, de uma perspectiva profissional, ele estivesse
certo. Mas do ponto de vista pessoal, Tammy não trocaria a sua vida pela dele. Preferia
lixar a sua carreira do que desapontar as irmãs. E talvez um dia houvesse uma outra
oportunidade para si, nem que fosse numa estação televisiva diferente. Por agora, teria
que limitar-se a confiar no destino. Estava a fazer o que deveria, por isso talvez os deuses
também fizessem a sua parte.
Tammy agradeceu ao dono da estação televisiva pelo tempo que lhe concedera e saiu do
seu gabinete. A sorte estava lançada. Tudo o que precisava de fazer era terminar essas
duas semanas e deixar o seu trabalho encaminhado. Além do mais, decidiu não dizer nada
ainda a Sabrina e a Annie sobre o assunto. Tammy sabia que elas iriam opor-se para o seu
próprio bem. Esta era uma prenda que iria dar às irmãs e a escolha fora sua.
Tammy fez as malas com toda a calma durante as duas semanas seguintes. Decidiu não
alugar a casa. Por agora, tinha condições para mantê-la como estava e limitar-se a
fechá-la. Sempre fora cuidadosa em termos de dinheiro, poupara bastante e não haveria
problema mesmo que não trabalhasse durante o ano seguinte, se bem que tencionasse
procurar alguma ocupação em Nova Iorque. Nunca se sabe o que pode surgir. E com
alguma sorte, regressaria a LA dentro de um ano. Por isso, não iria vender nada, nem
proceder a mais nenhumas alterações brutais além das que já fizera. Pelo menos, ainda
tinha a sua casa, se bem que não o seu emprego.
O seu último dia no emprego foi dilacerante para Tammy. Toda a gente chorou quando ela
se despediu e Tammy chorou também. Voltou para casa completamente esgotada nessa
noite e ficou deitada na cama às escuras, com Juanita a dormir deitada sobre o seu peito.
Já arrumara tudo o que queria levar em quatro grandes malas de viagem. Ia deixar o resto.
Apanhou um voo às nove da manhã no dia seguinte, que era sábado, e aterrou no
Aeroporto JFK, em Nova Iorque, às cinco e vinte da tarde, hora local. Tammy tocou a
campainha da casa na Rua Oitenta e Quatro Este pouco antes das sete horas. Nem sequer
sabia se elas estariam em casa. Se não estivessem, poderia ir para um hotel até domingo à
noite, se as irmãs tivessem ido passar o fim-de-semana em Connecticut.
Não se ouviu um ruído no interior da casa durante alguns minutos e depois Sabrina abriu a
porta e ficou a olhar espantada para Tammy, que estava com uma expressão muito solene
ali de pé, com quatro malas enormes e Juanita ao colo.
— O que estás aqui a fazer? — perguntou Sabrina, atónita. Ninguém a avisara de que
Tammy viria e era isso mesmo que esta pretendera. A decisão não era delas, era sua.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1