— Bom, como eu falei, quase todo mundo nesta cidade conhece o barco dela,
reconhece seu aspecto de perto e de longe. Conhecemos o formato da
embarcação e a silhueta que a Srta. Clark forma na popa, magra e alta. Um
formato bem específico.
— Um formato específico. Ou seja, qualquer pessoa com esse mesmo formato,
qualquer pessoa alta e magra nesse tipo de embarcação teria se parecido com a
Srta. Clark. Correto?
— Acho que outra pessoa poderia se parecer com ela, mas como a gente vive
o tempo todo no mar a gente passou a conhecer muito bem os barcos e seus
donos, sabe?
— Mas, Sr. Miller, permita-me lembrar que isto é um julgamento de
homicídio. Nada pode ser mais sério do que isto aqui e nesses casos nós
precisamos ter certeza. Não podemos nos guiar por silhuetas ou formas vistas a
cinquenta metros de distância no escuro. Sendo assim, por favor, o senhor poderia
dizer ao tribunal que tem certeza de que a pessoa que viu na madrugada do dia 29
para o dia 30 de outubro de 1969 era a Srta. Clark?
— Bem, não, eu não tenho como ter certeza absoluta. Nunca disse que tinha
certeza absoluta de que era ela. Mas eu tenho quase...
— É só isso, Sr. Miller. Obrigado.
— Eric, deseja reinterrogar a testemunha?
De onde estava sentado, Eric indagou:
— Hal, você declarou no seu depoimento que tem visto e reconhecido a Srta.
Clark na sua embarcação há pelo menos três anos. Diga-me, alguma vez pensou
ter visto a Srta. Clark no seu barco de longe e depois, ao chegar mais perto,
descobriu que no final das contas não era ela? Isso já aconteceu?
— Não, nunca.
— Nenhuma vez em três anos?
— Nenhuma vez em três anos.
— A promotoria não tem mais nada a dizer, Meritíssimo.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1