Escola da Noite

café do outro lado da rua, vinte metros em frente. Mesas junto à janela. Uma boa
vista. Qualquer pessoa com bom senso pararia ali. Eles podiam ficar ali dentro o
tempo que fosse preciso, sem levantar nenhumas suspeitas, e depois podiam
retomar a perseguição assim que as presas se deslocassem.
— Ali estão eles — afirmou Neagley.
Reacher viu dois tipos, conforme anunciado, na casa dos trinta, maiores do
que ela e mais pequenos do que ele. Talvez com pouco mais de um metro e
oitenta e uns noventa quilos. Cabelo curto. A andarem como americanos. E
vestidos como americanos. Concretamente, para o olhar experimentado dele,
vestidos como militares americanos de folga. Se um civil vestir um uniforme,
nem que seja por uma hora, para um papel num filme ou para um baile de
máscaras, por uma razão ou outra, aquilo não lhe cai bem e ele parece pouco à
vontade, como se não estivesse habituado. Da mesma forma, se um tipo que
passou os últimos dez anos de uniforme vestir umas calças de ganga e um
casaco, aquilo também não lhe cai bem. Também não está habituado. Uma
postura errada, demasiado perfeita, com os vincos demasiado visíveis, sem andar
de ombros caídos nem arrastar os pés.
Os dois homens avançaram, tal como Reacher e Neagley tinha feito ao passar
pelo bar, sem abrandar nem acelerar, a olhar sempre em frente, a tomar o pulso à
situação pelo canto do olho. Caras grandes e duras, mãos marcadas. Oficial
subalterno, provavelmente. Uma vida inteira, a julgar pelas aparências. Seguiram
caminho, com um a murmurar qualquer coisa ao outro e este a assentir, e
enfiaram-se no café vinte metros mais à frente, do outro lado da rua. Os carros
iam passando, tanto num sentido como no outro, com as pessoas que andavam
nas compras e os trabalhadores dos escritórios a apressarem-se nos passeios.
Escolheram uma mesa à janela e sentaram-se lá, fingindo não estar a olhar para
Reacher e Neagley, assim como Reacher e Neagley estavam a fingir não estar a
olhar para eles.
— Quem são aqueles gajos? — perguntou Reacher.
— Não dá para perceber só pelo aspeto — respondeu Neagley.
— Um palpitezinho?