Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

isto.
A mensageira ficou calada.
E o gordo prosseguiu:
— Mas se o negócio cair por terra, então, sim, serás morta, quer vás ou não a
Zurique. Já estás associada a ele. Já és uma testemunha. E as testemunhas serão
todas mortas. Se isso não acontecesse, seria uma humilhação demasiado grande
para nós. Cem milhões de dólares em troca de nada? Como é evidente, teríamos
de apagar isso da memória. Ou estaríamos acabados como líderes. Não restaria
nada de nós.
— Cem milhões de dólares? O preço é esse? — perguntou a mensageira.
— Vai aprender os números — retorquiu o gordo. — Prepara-te para partir
hoje à noite. Reza para que tenhamos êxito.


Em Hamburgo, Wiley desceu no elevador e saiu para a rua, depois de
percorrer o átrio. Avançou, afastando-se da rotunda, passando por outro edifício,
e depois por mais dois, em direção às traseiras do complexo, onde o piso novo
deu lugar a granito antigo, a seixos e a guindastes em bom estado na zona das
docas. Havia novas pontes pedonais sobre a água escura, de teca e aço,
curvando-se graciosamente e unindo os vários intervalos. Wiley atravessou uma
e entrou noutra. Era mais larga e cobria uma distância maior, até à estrada
principal e à paragem de autocarro. Sentou-se no abrigo da paragem e esperou.
Primeiro, veio o autocarro errado, e, a seguir, veio o certo. Pararia a dois
quarteirões do franchisado de aluguer de automóveis. Wiley apanhou-o. Estava
calmo. Já não se sentia a cair. Agora, ficava a faltar uma sucessão de simples
tarefas mecânicas. Entregar, recolher, voar. E, por essa altura, já teria dois mil e
trezentos quilómetros quadrados à espera dele. Visíveis do espaço.
Sorriu sozinho no meio da multidão dentro do autocarro.
O pequeno Horace Wiley.
Que diabo!

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