Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

já está metido em sarilhos. Mas nós queremo-lo primeiro. Neste momento, está a
ir para um sítio qualquer, numa carrinha de distribuição vazia. Para ir buscar
qualquer coisa. Presumivelmente, uma carga pesada. Dado o tamanho da
carrinha. Podem ser armas. Pode ser ouro nazi de uma mina de sal.
— E você quer isso.
— Para todos nós. Para a causa. Faria uma diferença enorme.
Schlupp não respondeu.
E Dremmler prosseguiu:
— É claro que haveria um prémio para quem tivesse possibilitado isso. Ou
um acordo de assessoria. Ou uma comissão pura e dura, se preferir.
— Estaria a correr um risco. Isto é como ser padre. Parte-se do princípio de
que não vou falar — retorquiu Schlupp.
— A grandeza da quantia refletiria obviamente a grandeza do risco.
Schlupp olhou para o retrato-robô.
E disse:
— Acho que me lembro dele. Já tratei de muitos americanos. Acho que este
tipo escolheu três nomes diferentes. Os dois primeiros foram só com bilhetes de
identidade e cartas de condução. Mas acho que o terceiro veio com passaporte.
— E quais eram os nomes?
— Já foi há meses. Teria de ir ver.
— Não se lembra?
— Oiço centenas de nomes.
— E quando pode fazer isso?
— Quando chegar a casa.
— Ligue-me de imediato, está bem? É muito importante. Para a causa.
— Okay — respondeu Schlupp.
Dremmler assentiu, em sinal de satisfação, e foi-se embora tal como tinha
chegado, abrindo caminho com o outro ombro e avançando pelo meio da
multidão, cumprimentando pessoas com um movimento de cabeça, de regresso
ao sol fraco do meio-dia, do outro lado da porta aberta.
O barman que lhe tinha servido o litro de cerveja pegou no telefone.

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