meu. As balas passavam-me que nem flechas por cima da cabeça.
Abriu a porta dupla por completo e depois entrou para a carrinha alugada e
pô-la a trabalhar. Começou a virá-la, fazendo marcha-atrás e ajustando-a para
trás e para a frente até ficar perfeitamente alinhada. Foi olhando pelos
retrovisores e recuando muito lentamente, até que o para-choques traseiro ficou
colado ao para-choques traseiro da carrinha velha. Puxou do travão de mão e
desligou o motor. Passou da cabina do condutor para a zona de carga. Subiu a
porta de trás a partir de dentro. E ficou com a porta de trás, igual à outra, da
carrinha velha mesmo à frente dele, a poucos centímetros de distância. Abriu-a
com a chave e subiu-a da parte de fora.
Um caixote de madeira.
Tinha perto de dois metros de altura e largura e quase quatro de
comprimento. Era robusto, feito de verdadeira madeira conífera fibrosa, em
tempos clara e agora envelhecida e já de um âmbar cor de tabaco. Tratava-se de
um protótipo de um sistema de contentores em série ensaiado pelo Pentágono
durante a década de 1950. Um sobrevivente. Um pedaço de história. Aqui e
acolá, estava marcado com números caiados e desbotados.
Pesava mais de duzentos e setenta quilos. Só seria possível deslocá-lo com
uma empilhadora de garfo. Coisa que ele já não tinha. Tirou do saco uma chave
de fendas normal. À moda antiga. Como o caixote. Que tinha parafusos do
tamanho de botões. Estavam colocados em centros de quinze centímetros, por
todo o perímetro do painel final. Ao todo, quarenta e quatro. Provavelmente, o
resultado de um estudo feito por uma empresa de investigação e
desenvolvimento. Um tipo qualquer de fato recebeu um cheque chorudo para
dizer que mais era melhor. O que pôs toda a gente contente. O Pentágono
protegeu o couro. E o fornecedor dos parafusos safou-se à tripa-forra.
Provavelmente, a cobrar um dólar por cada um. Especulação militar.
Wiley lançou-se ao trabalho.
O telefone tocou na sala do consulado. Griezman. Que disse: