Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

— Dizes isso todos os dias.
— A esperança é a última a morrer.
— E será que vai acontecer já amanhã? — perguntou ela.
— É possível.
— Podes vir cá falar comigo?
Estava à espera dele, parada no meio do quarto, com o vestido preto, as
pérolas, as meias de nylon, os sapatos e o cabelo despenteado.
— Estás a pensar em quê? — perguntou-lhe.
Ele deu-lhe um beijo, longo e lento, e a seguir passou para trás dela. Ela
reclinou-se, ficando encostada a ele.
— Pessoal ou profissionalmente? — retorquiu ele.
— Primeiro, profissionalmente — respondeu ela.
Inclinou-a muito ligeiramente para a frente e deu com o fecho do vestido, na
nuca dela. A pecinha de metal em forma de lágrima. Muito pequenina, mas
perfeitamente moldada. Um objeto de qualidade. Puxou-o para baixo, devagar,
passando pela fivela do soutien, até à região lombar.
— Onde é que eles estarão a pensar usar o que vão comprar? — perguntou
ele.
— Não sei — respondeu ela.
— Na Alemanha?
— Isso não faria sentido, do ponto de vista político.
Afastou-lhe o vestido dos ombros, delicadamente, e este caiu, ficou preso e
voltou a cair, terminando no chão, à volta dos pés dela.
Ela voltou a reclinar-se.
Estava quente.
E disse:
— O mais provável seria D.C. ou Nova Iorque, ou então, possivelmente,
Londres.
— Então vão transportar a coisa por mar. Desperdiçámos um dia. Partimos
de um pressuposto errado. O Wiley nunca pensou em sair de Hamburgo. Aquilo
é uma coisa grande e pesada, que precisa de uma carrinha de distribuição das

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