Escola da Noite

(Carla ScalaEjcveS) #1

Deu um passo para fora do armazém. Um táxi. Três passageiros. Uma
mulher, com a cabeça para baixo, a tirar dinheiro da carteira. A pagar a corrida.
E dois homens, a saírem do táxi, pequenos, secos e duros, morenos e barbudos,
com roupa de trabalho e equipamento de proteção, olhando em redor, vendo
Reacher, fitando-o olhos nos olhos e fazendo que sim com a cabeça de forma
cautelosa. Como se estivessem a contar vê-lo ali. O que até estavam, imaginou.
De modo genérico. Sabiam que um homem lhes ia entregar uma carrinha de
distribuição. Tinham vindo buscá-la. Fazia parte do acordo.
Reacher pôs a mão em cima da pistola que tinha no bolso e avançou até à luz
do sol. A mulher estava a enfiar a carteira na mala. E o táxi a arrancar. A mulher
levantou a cabeça. Viu Reacher e pareceu momentaneamente baralhada. Reacher
não era quem ela estava a contar ver. Tinha vinte e poucos anos, cabelo preto
como o azeviche e pele cor de azeitona. Era muito bonita. Podia muito bem ser
turca ou italiana.
Era a mensageira.
Os dois homens que a acompanhavam estavam a aguardar pacientemente, de
forma estoica e tranquila, como trabalhadores prestes a realizar tarefas rotineiras.
Eram empregados de aeroporto, pensou Reacher. Recordou-se de dizer a Sinclair
que Wiley escolhera Hamburgo por ser um porto. O segundo maior da Europa. A
porta de entrada para o mundo. Talvez em tempos. Mas o plano tinha-se
alterado. Agora, calculava que pretendessem enfiar a carrinha nas entranhas de
um avião de carga. E, se calhar, fazê-la viajar até Adém, que era um porto bem
diferente. Na costa do Iémen. Onde dez navios de carga sem rota fixa se
encontrariam à espera para completar as respetivas entregas, após várias
semanas no mar. Diretamente para Nova Iorque, D.C., Londres, Los Angeles ou
São Francisco. Todas as grandes cidades do mundo tinham portos próximos.
Lembrou-se de Neagley dizer que o raio letal era de um quilómetro e meio, e a
bola de fogo teria três quilómetros de alcance. Tudo multiplicado por dez. Dez
milhões de mortos e depois o colapso completo. Os cem anos seguintes na Idade
das Trevas.
— Sim? — exclamou a mensageira.

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