quanto um pouco de obscuridade.
Eva obedeceu. Fechou os olhos e se deixou afundar um pouco mais no sofá
- Como você está se sentindo? – perguntou a psicóloga.
- Assim, um pouco... Você sabe.
- Pouco à vontade?
- Nunca gostei de ficar de olhos fechados com gente olhando – respondeu Eva.
- Como quando a gente dorme no avião.
- Não consigo de jeito nenhum – disse Eva.
- Então vou girar a minha cadeira e ficar de costas – disse Henriette.
Eva ouviu a cadeira girar, e, quando Henriette tornou a falar, foi como se sua voz
viesse de muito longe. - Melhor assim?
- Melhor.
- Então vamos voltar àquela noite. Tente descrever o abrigo de menores em
Roma. - É difícil. Acho que misturo imagens de coisas que vi.
- O que você viu?
- Faz uns anos, dei busca no Google, para passar o tempo. O abrigo fechou.
- Muito bem. Do que você se lembra?
- De estar num dormitório com um monte de crianças.
- Meninas e meninos?
- Só meninas.
- Você conseguiu dormir?
- Não.
- Estava triste?
Eva tentou recordar os sentimentos que tinha tido à época. Não lhe veio nada à
lembrança. - Eva? Vamos tentar outra coisa.