“O que eu faço agora?” A pergunta não a largava. “O que eu faço agora?” Não se
atrevia a voltar para casa – com isso conseguia atinar. Provavelmente iriam atrás
dela lá. Mas para onde pode ir? E quem eram eles? Os que tinham assassinado o tio
de Malte. Os que tinham amarrado e quase matado a ela, Eva. Os que tinham
assassinado Rico. E tudo aquilo por quê?
Centro de Copenhague, uma noite qualquer. Não havia muita gente. Que horas
seriam? Eva comprou um copo de café num 7-Eleven, só para não ficar à toa.
- Você está bem? – perguntou o rapaz que estava atrás do balcão.
- Estou ótima.
- Certeza?
Estava dando na vista. Era claro que notavam o medo que sentia. Atravessou a
Rådhuspladsen, a Praça da Prefeitura. Pensou em pegar um táxi. Para ir aonde? “O
que eu faço?”
Sentou num banco e tentou pensar. Olhou para o celular. Estava sem bateria, e,
de resto, agora ia querer o celular para quê? Não ia ajudá-la. Dele não surgiam
ideias, pelo menos não as que servissem para alguma coisa. Eva só tinha perguntas,
muitas perguntas: deveria ir à polícia? Mas, aí, o que diria sobre o furto do iPhone?
“Os assassinos virão atrás de mim? Sei lá! Só sei que Malte, com toda a certeza,
sabia. Sabia que o tio estava morto antes de este ter mandado para a irmã o último
torpedo. Quer dizer, não tinha sido o tio quem mandou. O tio também não tinha
se matado, e Rico menos ainda.” O que mais ela sabia? Tudo girava em torno de
Brix. Podia pelo menos ter certeza disso? E quem era Brix, de fato?
Levantou-se, juntou suas forças e se obrigou a pensar em diferentes possibilidades
até o final, enquanto andava sem rumo.
“Não”, disse a si mesma. “Pense com clareza.” O que aconteceria se fosse à polícia?
Se simplesmente contasse tudo – que tinha furtado o celular de Helena e depois