Roskilde, Grande Copenhague – 10h17
Eva saiu, colocou-se atrás da cerca e viu Malte entrar no Mercedes escuro. O que
tinha querido dizer com “E se ele for também”? Ele quem? O homem que tinha
atirado em Brix? Provavelmente. O mesmo que tinha entrado na casa de Eva à
força, um dos desgraçados que a tinham amarrado, que a tinham maltratado,
humilhado. Por que ele apareceria no enterro de Brix? Porque o conhecia. É,
possivelmente. O assassino devia conhecer Brix – e Helena. Era a única coisa que
fazia sentido. Do contrário, por que mover mundos e fundos para recuperar um
celular? A dama de companhia só podia estar envolvida e, por alguma razão
misteriosa, ter concordado em silenciar sobre o verdadeiro motivo da morte do
irmão. “Pense rápido, Eva. O que fazer agora?” Em um instante, já teriam ido
embora. Era a chance de Eva identificar o assassino. Como? Só o tinha visto (ou só
os tinha visto) com máscara. “Pela mordida.” Eva tinha atravessado a luva com os
dentes, mordido com força, sentido o gosto do sangue dele. O assassino de Brix e de
Rico estaria com algum tipo de curativo.
Helena continuava em pé junto ao carro, fumando meio a contragosto enquanto
falava ao celular. Não parecia fumante. Tinha pele perfeita, sem uma ruga sequer.
Talvez tivesse fumado quando mocinha e voltado a fazê-lo depois da morte do
irmão. Flagrou Eva a olhá-la e a encarou enquanto continuava ao celular. Estaria
falando de Eva? Talvez com aquele que tinha assassinado Rico, aquele que tinha
passado a mão pelo corpo de Eva. O que Helena estaria dizendo? Que a sujeitinha