Liv tornou a olhar para Eva. O elevador tremeu de leve.
- Não dá para dizer que seja a última palavra em matéria de elevador – disse Liv,
sorrindo –, mas costuma funcionar. Você tem medo de quê? - Da ideia de ele voltar a qualquer momento – disse Eva.
- Porque ele bate em você?
- É.
- Ele bateu muitas vezes? Ou foi uma só?
- Muitas.
- Onde ele costuma bater?
- No corpo – disse Eva – e na cara. Mais no corpo. Faz uns dias, tentou me
esganar.
Eva baixou a gola do suéter e deitou a cabeça para trás. O elevador parou, com
estrondo. - Posso ver? – Liv se aproximou um pouco mais e examinou a marca que a corda
de náilon tinha deixado. Seus dedos roçaram o pescoço de Eva. – Ui! – murmurou. - Foi cordão de sapato ou o quê?
- Uma cordinha – explicou Eva. – Amarrou em volta do meu pescoço e puxou.
- Como foi que você se soltou?
- Quase desmaiei, mas aguentei... e aí ele me soltou.
De repente, Eva sentiu que as lágrimas se acumulavam em seus olhos. A
lembrança daquela noite terrível na casa... Quando saíram do elevador, Liv colocou
a mão no ombro de Eva. - Por que ele faz isso?
- Diz que fico olhando para outros homens. Que não consegue mais confiar em
mim. Mas não é verdade. Não olho para ninguém. - E a polícia? Você não deu parte?
Eva fez que não. - Não posso.