A Santa Aliança

(Carla ScalaEjcveS) #1
A ruiva enfim ergueu a vista.


  • Hoje ele não vem.

  • Você sabe o endereço dele?

  • Qual é o assunto?

  • É coisa urgente.
    A mulher balançou negativamente a cabeça.

  • Não damos informações sobre funcionários – disse, e atendeu ao telefone, que
    tinha começado a tocar.
    Na internet, havia um monte de coisas sobre Hans Jørgen Hansen: tinha
    comparecido recentemente a uma conferência em Washington, organizada pelo


FBI; era considerado um dos maiores peritos em ferimento a bala; dominava os
métodos mais avançados de escaneamento a laser e autópsia da íris. No semanário
da Associação Médica Dinamarquesa, Eva encontrou inúmeros artigos, mas
nenhum endereço. Nas Páginas Amarelas, porém, descobriu que havia quinze Hans
Jørgen Hansen na Zelândia, dois deles em Copenhague. Mas era no distrito de
Nørrebro, e Eva logo os descartou, porque um legista de renome ganharia o
bastante para dar-se ao luxo de morar em vizinhança melhor. Depois se lembrou do
que tinha dito Lagerkvist, das velhas listas telefônicas e dos registros cartoriais, de
tudo o que ela já devia ter sabido, mas ainda desconhecia por completo. Havia três
Hans Jørgen Hansen na região da Zelândia do Norte, e dois deles tinham preferido
não divulgar o número telefônico. Andando pelo distrito de Østerbro, achou uma
cabine telefônica e ligou para aquele cujo número era público. Era um professor
aposentado. Eva depois procurou vizinhos daqueles dois cujo número era sigiloso.
Alô, boa tarde, seu vizinho por acaso não seria o dr. Hans Jørgen Hansen? De onde
a senhorita é mesmo? Da Interflora? Um buquê, é isso? Sim, de fato, o vizinho é
médico no Hospital Nacional. Um babaca arrogante, acrescentou o vizinho. Não,
de jeito nenhum vocês podem deixar o buquê aqui até esse Hansen chegar em casa.
Mal disse isso, o vizinho desligou.

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