- Rico? Que Rico?
- Deixe disso, Beatrice. Não estou aqui para complicar a sua vida, mas a gente
precisa conversar.
Beatrice olhou primeiro para Eva, de cima a baixo, e depois para a sala. - Você prefere conversar lá fora? – perguntou Eva, baixinho, quase cochichando.
Eva esperou na calçada, em frente ao prédio. Levantou a gola do casaco. Havia
carros demais, gente demais que podia vê-la. Beatrice logo apareceu. - Eu só tenho cinco minutos – disse. – As crianças estão sozinhas.
- Vamos até a catedral – disse Eva. – Venha atrás de mim, mas não fique muito
perto.
Atravessaram a rua. A catedral ficava uns cem metros adiante, em frente à Igreja
de Sankt Petri. “Por que foram construir duas igrejas tão perto uma da outra?”, Eva
teve tempo de pensar antes de baixar a cabeça e entrar. O organista fazia seu
aquecimento. O culto começaria em meia hora. Beatrice apareceu. Eva foi para uma
das naves laterais. Dali, podia controlar quem entrava ou saía. - Afinal, de que se trata?
Beatrice estava ou aborrecida, ou apavorada. - Você sabe que o Rico morreu? – perguntou Eva.
- É? Eu mal o conhecia. A gente era do mesmo clube de vinho, só isso.
- Agora há pouco, você disse que nem sabia quem ele era.
- Você é jornalista?
- Sou.
Beatrice respirou fundo. - Naquele dia, imediatamente antes de matarem o Rico, você passou alguma
informação para ele – disse Eva. - Não passei nada. Não sei do que você está falando.
- Beatrice, ele foi morto por causa dessa informação.
Beatrice balançou negativamente a cabeça.
carla scalaejcves
(Carla ScalaEjcveS)
#1