reais como se fossem vírus. Isso talvez não aconteça em uma semana; mas vai
acontecer com certeza, sem que se consiga evitar.
- Foi o que o Christian contou para você?
- Depois da Revolução Francesa, já sabiam que a democracia e a sociedade laica
representavam uma ameaça para a monarquia. Aí fizeram uma aliança. - A Santa Aliança – disse Eva.
- O czar da Rússia, o rei da Prússia e o imperador da Áustria. O objetivo era
manter na linha a sociedade laica e a democracia. Em 1815. Oficialmente, o pacto
em si durou só alguns anos. Mas a verdade é que ele nunca foi revogado.
Eva olhou para Claudia. Era Brix quem falava através dela. A explicação que
Claudia estava dando eram as palavras dele, como quando um adolescente fala de
política e vemos que o que sai de sua boca são as opiniões dos pais. Aquela era uma
voz do além-túmulo. Uma voz que dava a entender que a Santa Aliança na
realidade acarretou o nascimento da União Europeia – uma coalizão de Estados
soberanos unidos pela vontade comum de preservar a paz. - A Santa Aliança nunca foi rompida – disse Claudia. – Pelo contrário. A família
europeia permanece unida. Depois daquele primeiro acordo, mudaram o nome, e
houve a Quádrupla Aliança e a Quíntupla. O sucesso tem muitos nomes. E o
Christian era uma espécie de lobista desse troço. - Ele lhe explicou isso com essas mesmas palavras?
Claudia hesitou. - Eu preciso ouvir do jeitinho que ele explicou – disse Eva.
- Ele se considerava um Metternich dos dias de hoje.
- O príncipe Metternich? – perguntou Eva, e pensou no quadro que alguém
tinha tirado da parede de Brix. - Metternich foi o padrinho da Santa Aliança. Era contra a democracia e o
nacionalismo, a favor de Deus e da monarquia. Era um homem bom, que queria a
estabilidade, o progresso, a paz, e considerava o monarca alguém que Deus pusera