Manual de Cardiologia - Pedro Ivo de Marqui Moraes

(Antfer) #1

Capítulo 15


DISSECÇÃO AGUDA DE AORTA


Flávio de Souza Brito e
Rafael Thiesen Magliari

INTRODUÇÃO


A dissecção aguda de aorta é a afecção mais comum e letal que envolve a aorta; sua
letalidade é estimada em 33% nas primeiras 24 h e aumenta para 50% nas primeiras
48 h, quando não tratada. Pacientes não tratados apresentam mortalidade de 75% na
segunda semana após o evento e 90% após três meses. Requer, portanto, diagnóstico
precoce e tratamento imediato.
Diversas modalidades de imagem, como ecocardiograma transesofágico (ECO TE),
ressonância nuclear magnética (RNM) e tomografia computadorizada (TC) helicoidal,
foram introduzidas durante as últimas décadas, o que facilita um diagnóstico precoce
das doenças da aorta, mesmo em situações de emergência, e possibilita intervenções
mais precoces.


EPIDEMIOLOGIA


Acomete predominantemente o sexo masculino (2/3 dos casos), na sexta e na sétima
década de vida, com idade média de 61 anos. Incidência de 2,6 a 3,5 casos a cada 100
mil pessoas/ano, o que no Brasil representa aproximadamente 2.700 casos/ano e, nos
EUA, 5.000 casos/ano.
Somente 50 a 70% dos acometidos são clinicamente reconhecidos em virtude,
sobretudo, da apresentação sintomática variada e da falta de suspeita clínica. Cerca de
65% das ocorrências têm origem na aorta ascendente, 20% na aorta descendente,
10% no arco e o restante na aorta abdominal.


FISIOPATOLOGIA


Em geral, inicia-se com ruptura da túnica íntima (“fenda intimal”) através da qual o
sangue penetra na camada média da parede aórtica, separando a íntima da adventícia,
o que origina tanto uma verdadeira quanto uma falsa luz. Os locais mais comuns de
ruptura são: junção sinotubular da aorta ascendente (logo acima do anel aórtico) e a

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