Os cientstas percebe-
ram que, quanto maior a
cidade onde o voluntário
morava, mais atvada era
sua amígdala – a região
cerebral relacionada ao
medo e as respostas a
ele, como fugir ou lutar.
Além disso, quanto mais
tempo da infância os vo-
luntários haviam passado
em uma cidade, maior era
a atvidade em seu córtex
cingulado anterior, área
relacionada a emoções
negativas. Parece haver
forte associação ente vida
urbana e circuitos neurais
ligados à ansiedade. Pode
ser muita coisa, desde a
poluição até a hierarquia
social instável, com forte
desigualdade socioeconô-
mica – que deixa as pes-
soas com medo de per-
der o emprego. Ninguém
sabe. Mas é fato: o medo
de perder o emprego em
uma economia frágil como
a brasileira provavelmen-
te ajuda a nos colocar no
topo do ranking mundial
de ansiedade.
Para o psiquiata ale-
mão Mazda Adli, outro
gatlho para a ansiedade
urbana, seja no país que
for, está numa situação
contaditória: embora ci-
dades reúnam multdões,
as pessoas frequentemen-
te vivem de forma solitária
nelas. “Nossos cérebros
não são bem desenhados
para viver em metópoles
superlotadas”, diz Adli. “A
combinação de densidade
populacional e isolamento
social produz um estesse
típico das cidades”, afirma.
Ambientes superpovo-
ados estressam todos
os animais, de insetos a
primatas. Basta que uma
pessoa se aproxime de
você para que a amígdala
e o córtex cingulado sejam
atvados. E as metópoles
têm gente demais.
Outo problema é que
isso, paradoxalmente, ge-
ra relacionamentos mais
fracos. Os seres humanos
têm um número limitado
de conhecidos com quem
conseguem manter rela-
ções sociais. Para o anto-
pólogo Robin Dunbar, da
Universidade de Oxford,
a quantdade é 150 pes-
soas. Mais do que isso, o
cérebro supostamente
não consegue adminis-
trar direito (não conse-
gue memorizar o nome,
orosto e as característ-
cas das pessoas). Dunbar
calculou esse número
comparando o tamanho
do cérebro dos primatas
e o número médio de in-
divíduos em seus grupos
sociais. Ele percebeu que
havia relação ente uma
coisa e outa, e então fez
uma conta usando o tama-
nho do cérebro humano.
Acontece que, nas grandes
cidades, há muito mais do
que 150 pessoas – só no
Facebook você deve ter
bem mais contatos do que
isso. “Nossos ancestais
conheciam as mesmas
pessoas pela vida toda”,
afirma Dunbar. “Já nós,
conforme vamos de um
lugar para o outo, pode-
mos perder contato até
com nossos amigos mais
próximos.” O resultado
são relações mais super-
ficiais e passageiras.
Conclusão: a cidade é
uma estutra fantástca,
capaz de aproximar mi-
lhares de indivíduos para
produzir coletivamen-
te; ao mesmo tempo, ela
diminui a qualidade das
relações humanas. A fa-
mília estendida (grupo que
inclui avós, tos e primos),
que era crucial para tibos
nômades e sociedades ru-
rais, acaba ficando mais
distante. Com o tabalho
fora de casa, o convívio
com a família nuclear (pai,
mãe, cônjuge, filhos) tam-
bém diminui; ver os ami-
gos, então, só no final de
semana. Sobram relações
hierárquicas e impessoais,
de tabalho ou consumo.
Um atendente pode con-
viver com centenas de
clientes por dia, e mesmo
assim se sentr solitário.
E isso é pertrbador.
“Um dos benefícios da vi-
da em sociedade é a prote-
ção múta. O isolamento
pode representar uma cir-
cunstância perigosa”, afir-
ma John Cacioppo, diretor
do cento de neurociência
Sabe
quando
você vai
dormir,
mas não
consegue,
porque
sua cabeça
dispara?
Isso está
relacio-
nado à
Síndrome
de Pen-
samento
Acelerado
(SPA).
12
regiões
cere-
brais es-
tão en-
volvidas
na an-
siedade.
30
é o aumento no
risco de morte
entre pessoas es-
tressadas. mas é pos-
sível contornar isso.
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