Público - 01.11.2019

(Ron) #1
Público • Sexta-feira, 1 de Novembro de 2019 • 11

DANIEL ROCHA

Programa do
Governo não
chegou a ser
votado, por
não ter havido
nenhuma
moção
de rejeição ou
de confiança

país e a construção de uma sociedade
mais justa, humana e sustentável”,
aÆrmou a deputada Inês Sousa Real.


Sem bota-abaixo
Rui Rio quis deixar duas mensagens
sobre o Governo: uma sobre a sua
dimensão — “pode formar seis equi-
pas de futebol” — e outra sobre as
“nódoas mais escuras” da governação
socialista, que são a degradação dos
serviços públicos. O líder do PSD
assumiu-se como líder do “principal
partido da oposição” e deixou uma
visão pouco optimista sobre a gover-
nação em áreas como a justiça e a


O Bloco aqui está para
esse caminho. Mas qual
é o compromisso
concreto do Governo?

Catarina Martins
Bloco de Esquerda

[Programa] tem
formulações que
indiciam soluções
de sentido negativo
ou até retrocessos

Jerónimo de Sousa
PCP

Colaboraremos em tudo
o que seja positivo para
o país, denunciaremos
o que estiver a ser mal
executado ou esquecido

Rui Rio
PSD

Era decisivo entender
o valor de 750 euros
como o valor mínimo
de discussão para um
salário mínimo nacional

José Luís Ferreira
PEV

O PAN reitera a sua
disponibilidade
para trabalhar
com os partidos
que compõem
este hemiciclo
Inês Sousa Real
PAN

Jornalista. Escreve à sexta
[email protected]


  1. Impostos? Quem falou em
    impostos? Em política, os silêncios
    são tão importantes como aquilo
    que se diz. Durante o debate do
    Programa do Governo, António
    Costa foi interpelado duas vezes
    pelo CDS e pelo Iniciativa Liberal
    sobre se podia garantir que não
    iria haver ninguém que acabasse
    nesta legislatura a pagar mais
    impostos do que no início. O
    primeiro-ministro deixou o
    desaÆo sem resposta. Percebe-se
    porquê. O PS prometeu para
    agora o englobamento de
    rendimentos em sede de IRS,
    proposto no passado pela
    esquerda e chumbado pelos
    socialistas, bem como a criação de
    mais escalões. É natural, pois, que
    o Orçamento do Estado venha a
    reÇectir um provável acordo à
    esquerda neste campo.
    2. “Defendemos o sindicalismo.”
    E vamos opor-nos às “tentativas
    mais ou menos subterrâneas de o
    subverter com agendas radicais e
    violentas”. As frases são do
    ministro de Estado e dos Negócios
    Estrangeiros, Augusto Santos Silva,
    no discurso de encerramento e
    foram direitinhas aos ouvidos de
    Jerónimo de Sousa e do PCP, numa
    altura em que os sindicatos
    independentes ameaçam o statu
    quo da CGTP.
    3. Continuar a “destroikar”. Em
    entrevista ao PÚBLICO na edição
    de hoje, a ministra da
    Modernização do Estado e
    Administração Pública, Alexandra
    Leitão, promete reintroduzir na lei
    “incentivos” à assiduidade dos
    funcionários públicos retirados
    durante o mandato de Passos


Coelho. Estará a falar, por
exemplo, da majoração de dias de
férias para quem nunca falta ao
trabalho — medida criada em 2003
por António Bagão Félix que
permitia à função pública ter 25
dias de férias e que aparece
reiteradamente no caderno de
encargos dos sindicatos.


  1. SIADAP, esse monstro. Na lista
    de “agrados” à esquerda, surge
    agora claramente a revisão do
    modelo de avaliação dos
    funcionários públicos, baptizado
    por SIADAP (Sistema Integrado de
    Gestão e Avaliação do
    Desempenho na Administração
    Pública). O PCP contesta há anos
    este regime, que classiÆca de
    “injusto”, e Mário Centeno nunca
    abriu a porta a essa revisão.
    Alexandra Leitão vem garantir
    agora, na mesma entrevista, que “a
    simpliÆcação da avaliação dos
    funcionários é importante porque
    toda a gente se queixa da
    complexidade”. “Temos de o
    fazer”, diz a ministra.

  2. Rui Rio foi mais acutilante,
    irritou António Costa com o lítio,
    partilhou com André Ventura as
    críticas à dimensão do Governo,
    mas e o que propõe para início de
    legislatura? Os partidos da
    oposição já começaram a entregar
    projectos de lei e o PSD, que está
    em plena campanha interna de
    disputa de poder, vai falar para
    fora ou prefere andar a fazer
    contas aos votos das federações
    distritais?

  3. O CDS ainda não tem
    candidatos de peso à sucessão de
    Assunção Cristas, mas parece-me
    que não precisa de demorar muito
    mais tempo a procurar. Cecília
    Meireles, que se estreou como líder
    parlamentar esta semana, esteve à
    altura do desaÆo e mostrou como o
    partido se pode recentrar.


Hora H
Helena Pereira

Quatro compromissos,


uma dúvida e uma certeza


saúde. Sugeriu até que o “namoro”
do PS com a esquerda dure só “um ou
dois anos”, por sinal quase o mesmo
tempo de duração do seu mandato
no PSD, caso venha a ser reeleito em
Janeiro.
Criticado no partido por ter optado
por uma oposição mais suave ao
Governo, Rui Rio deÆniu o seu papel.
Prometeu fazer uma oposição “dura,
incisiva e implacável” às falhas da
governação, mas rejeitou aderir à
política do “bota-abaixo”. com Maria
Lopes e Sofia Rodrigues

[email protected]

O QUE ELES DIZEM

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