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Baksheesh
rês pessoas estavam sentadas no gabinete de Ivarsson: o próprio
Ivarsson atrás da secretária bem-organizada, e Beate e Harry em cadeiras –
um pouco mais baixas. O truque das cadeiras baixas era uma técnica de
exibição de superioridade tão conhecida que até se poderia pensar que já nem
era utilizada, mas Ivarsson era de outra opinião. A sua experiência dizia-lhe
que aquelas técnicas básicas nunca passavam de moda.
Harry inclinara a cadeira para trás para conseguir olhar pela janela. Da
janela via-se o Hotel Plaza. Nuvens arredondadas passaram em frente da torre
de vidro e pela cidade, sem soltarem uma gota de chuva. Harry não dormira,
apesar de ter tomado analgésicos depois da injecção contra o tétano que
apanhara no hospital. A explicação que dera aos colegas de um cão vadio e
feroz fora bastante credível e estava suficientemente próxima da verdade para
que ele o pudesse contar com uma certa convicção. Tinha o pescoço inchado e
uma ligadura irritante apertada contra a pele. Harry sabia exactamente o
quanto o pescoço lhe iria doer se virasse a cabeça para Ivarsson, que estava
naquele momento a falar. Também sabia que não teria virado a cabeça mesmo
que não lhe doesse.
– Então querem bilhetes para o Brasil para efectuarem ali uma busca? –
perguntou Ivarsson, a sacudir o tampo da secretária e a fingir que reprimia um
sorriso. – Enquanto o Executor está obviamente ocupado a assaltar bancos,
aqui em Oslo?
– Não sabemos em que lugar de Oslo é que ele se encontra – disse Beate. –
Nem sequer se está em Oslo. Mas esperamos conseguir encontrar a casa que o
irmão diz que ele tem em Porto Seguro. Se a encontrarmos, também
encontraremos as suas impressões digitais. E se as compararmos com as
impressões da garrafa de Coca-Cola, teremos provas. Isso fará com que valha
a pena fazer a viagem.
– A sério? E que impressões são essas que mais ninguém tem?
Beate esforçou-se em vão para chamar a atenção de Harry. Engoliu em
seco.
– Já que em princípio devemos ser independentes um do outro, decidimos