Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

É tudo tão simples e óbvio. Foi por isso que não encontrei o meu telemóvel
em casa de Anna. E é por isso que ele se está a rir.


– As minhas desculpas por te ter arruinado o dia.
– Espera um momento – disse Harry, subitamente animado. – Se pudermos
provar que ele tem o meu telemóvel, também podemos provar que ele esteve
em casa de Anna depois de eu ter saído!



  • Yippee ! – guinchou o auscultador. E depois mais cauteloso: – Se isso
    significa que estás feliz. Estou? Harry?


– Ainda estou aqui. Estou a pensar.
– É bom pensar. Continua a pensar. Tenho um encontro com uma Stella.
Bem, na verdade com várias. E se vou apanhar o avião para Oslo...


– Cumprimentos, Øystein.
Harry ficou parado com o auscultador na mão, a pensar se o deveria atirar
contra o espelho ou não. Quando acordou no dia seguinte, desejou ter
sonhado a conversa com Øystein. De facto, sonhara-a. Em seis ou sete
versões diferentes.


Raskol estava sentado com a cabeça baixa, pousada entre as mãos,
enquanto Harry falava. Não se moveu nem interrompeu Harry, enquanto este
descrevia o modo como tinham descoberto Lev Grette e como o seu próprio
telemóvel era o motivo por que ainda não tinham encontrado qualquer prova
contra o assassino de Anna. Quando Harry terminou, Raskol fechou as mãos e
levantou lentamente a cabeça:


– Então resolveu o seu caso, mas o meu continua por resolver.
– Não os vejo como o seu caso e o meu, Raskol. A minha
responsabilidade...


– No entanto, eu sim, Spiuni – interrompeu-o Raskol. – Dirijo uma
organização militar.


– Hm. O que é que quer dizer exactamente com isso?
Raskol fechou os olhos.
– Já lhe falei da altura em que o rei Wu convidou Sun Tzu para ensinar às
damas da corte as artes da guerra, Spiuni?


–   Na  verdade,    não.
Raskol sorriu.
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