– Equipamento fixe também.
– Não é do meu tamanho, mas é um Bjørn Borg. Empresta-me os teus
sapatos.
– Hã?
– Só consegui encontrar pantufas no vestíbulo. Não posso ir visitar alguém
à prisão de pantufas. Empresta-me também o teu casaco.
Øystein rolou os olhos e despiu com esforço o blusão de cabedal curto.
– Tiveste algum problema em passares pelos bloqueios de estrada? –
perguntou Harry.
– Só ao entrar. Verificaram se eu sabia o nome e a morada da pessoa a quem
ia entregar a encomenda.
– Encontrei o nome na porta.
– Quando saí, limitaram-se a olhar para dentro do carro e fizeram-me sinal
para avançar. Passaram-se trinta segundos, e depois ouviu-se o raio de uma
confusão pela rádio. A chamarem todas as unidades e por aí fora. Eh, eh.
– Pensei ter ouvido qualquer coisa lá atrás. Sabes que é ilegal sintonizares o
rádio da polícia, não sabes, Øystein?
– Bom, não é ilegal sintonizá-lo. É ilegal usá-lo. E eu quase nunca o utilizo.
Harry atou os atacadores dos sapatos e atirou as pantufas por cima do
assento para Øystein.
– Vais encontrar a tua recompensa no céu. Se eles ficaram com o número do
táxi e receberes uma visita, tens de lhes dizer o que é que aconteceu.
Recebeste uma reserva via telemóvel e o passageiro insistiu em deitar-se no
porta-bagagens.
– Absolutamente. E isso é mesmo verdade.
– A coisa mais verdadeira que oiço há muito tempo.
Harry respirou fundo e pressionou o botão. Não corria muitos riscos
naquela primeira fase, mas era difícil saber com que rapidez tinha corrido a
notícia que ele era um homem procurado. Afinal, os agentes da polícia
andavam sempre a entrar e a sair da prisão.
– Sim – disse uma voz pelo intercomunicador.
– Inspector Harry Hole – disse Harry a enfatizar o nome. Olhou para a
câmara acima da entrada com aquilo que esperava ser uma expressão