tranquila. – Para falar com Raskol Baxhet.
– Não se encontra na minha lista.
– A sério? – disse Harry. – Pedi a Beate Lønn para vos ligar e dizer que eu
vinha fazer uma visita. Ontem à noite, às nove horas. Perguntem a Raskol.
– Se for fora do horário habitual de visitas, tem de estar na lista, inspector.
Vai ter de ligar amanhã durante as horas de expediente.
Harry mudou o peso de um pé para o outro.
– Como é que se chama?
– Bøygset. Receio que não possa...
– Oiça, Bøygset. Esta visita está relacionada com informações respeitantes
a um importante caso da polícia e não pode esperar até amanhã. Presumo que
ouviu esta noite as sirenes à volta do Quartel-general, não ouviu?
– Sim, mas...
– Certo, então a não ser que queira responder amanhã às perguntas dos
jornais pelo modo como deu cabo de tudo, sugiro que saiamos do modo
robotizado e passemos ao modo de senso comum. Esse encontra-se no botão
mesmo à sua frente, Bøygset.
Harry fixou o olho sem vida da câmara. Mil e um, mil e dois. O trinco
zumbiu.
Quando Harry entrou, Raskol estava sentado numa cadeira na sua cela.
– Obrigado por ter confirmado a minha visita – disse Harry, olhando em
volta da cela de quatro por dois metros. Uma cama, uma secretária, dois
armários, alguns livros. Nenhum rádio, nem revistas, nem objectos pessoais,
paredes nuas.
– Gosto dela assim – disse Raskol em resposta aos pensamentos de Harry. –
Ajuda-me a concentrar.
– Então veja lá se isto também o ajuda – disse Harry, a sentar-se à beira da
cama. – Afinal, Arne Albu não matou Anna. Apanhou o homem errado. Tem
sangue inocente nas mãos, Raskol.
Harry não tinha a certeza, mas pareceu-lhe detectar o mais ínfimo dos
estremecimentos na máscara de mártir amável, mas frio, do cigano. Raskol
baixou a cabeça e apertou as têmporas com as palmas das mãos.
– Recebi um e-mail do assassino – disse Harry. – Descobri que ele me