casa de Vigdis Albu, em Slemdal.
O jovem pousou o jornal.
– Eu sei.
Por um instante, Harry sentiu-se avassalado pelo pânico.
– Lembro-me de que veio aqui buscar uma chave. – O rapaz esboçou um
sorriso aberto. – Lembro-me de todos os meus clientes.
Harry pigarreou.
– Bom, não sou bem um cliente.
– Oh?
– Não, a chave não era para mim. Mas não é por esse motivo que...
– Devia ser para si – interrompeu-o o rapaz. – Era uma chave-sistema, não
era?
Harry assentiu. Na extremidade da sua visão periférica, viu um carro-
patrulha a passar lentamente.
– Era acerca de chaves-sistema que lhe queria colocar algumas questões.
Estava a perguntar-me como é que um intruso consegue arranjar uma cópia de
uma chave-sistema como esta. Uma chave Trioving, por exemplo.
– Não consegue – disse o rapaz com a convicção absoluta de alguém que lê
revistas ilustradas de ciência. – Apenas a Trioving consegue fazer uma cópia
funcional. Assim, a única maneira é falsificar uma autorização escrita da
cooperativa habitacional. Mas até isso seria descoberto quando viesse buscar
a chave, porque iríamos pedir uma identificação e depois iríamos compará-la
com a lista de proprietários de apartamentos do edifício.
– Mas eu vim buscar uma dessas chaves-sistema. E era uma chave para
outra pessoa.
O rapaz franziu a testa.
– Não, eu lembro-me claramente que mostrou a sua identificação e que eu
verifiquei o nome. De quem era a chave que veio buscar?
No reflexo da porta de vidro por trás do balcão, Harry viu o mesmo carro-
patrulha a passar na direcção oposta.
– Esqueça isso. Há alguma outra maneira de se conseguir uma cópia?
– Não. A Trioving, o fabricante destas chaves, apenas recebe encomendas