Vingança a Sangue-Frio

(Carla ScalaEjcveS) #1

exterior e reconhecera o inspector Lønn. Grita que não vai magoar a mulher,
mas que precisa de um refém. Se Lønn tomar o lugar dela, para eles isso seria
óptimo. Mas tem de deixar a arma e entrar sozinho no banco para efectuar a
troca. E o teu pai, o que é que ele faz? Pensa. Tem de pensar rapidamente. A
mulher está em choque. As pessoas morrem de choque. Pensa na mulher, na
tua mãe. Um dia de Junho, sexta-feira, pouco falta para o fim-de-semana. E o
Sol... o Sol estava a brilhar, Beate?


Ela assentiu.
– Ele pensa como deve estar calor no banco. A pressão. O desespero.
Depois decide-se. O que é que ele decide? O que é que ele decide, Beate?


– Decide entrar. – O sussurro saiu cheio de emoção.
– Entra. – Waaler baixa a voz. – O inspector Lønn entra e o jovem agente
espera. Espera pelos reforços. Espera que a mulher saia. Espera que alguém
lhe diga o que fazer, ou que aquilo é apenas um sonho ou um treino, e que
possa ir para casa porque é sexta-feira e o Sol está a brilhar. Em vez disso,
ouve... – Waaler imitou o matraquear de uma arma com a língua contra o
palato. – O teu pai cai contra a porta principal que se abre, e fica estendido no
chão metade dentro do banco, metade de fora. Seis tiros no peito.


Beate cai na cadeira.
– O jovem agente vê o inspector ali estendido e percebe que não é um
exercício. Ou um sonho. Eles têm mesmo metralhadoras ali dentro e matam
polícias a sangue-frio. Ele está mais assustado do que jamais o esteve ou
jamais o virá a estar. Leu acerca daquilo, teve boas notas em psicologia, mas
houve algo que se quebrou. É avassalado pelo pânico acerca do qual escreveu
tão bem no exame. Enfia-se no carro e afasta-se. Conduz durante muito tempo
até chegar a casa, e a sua jovem esposa vem ao seu encontro e zanga-se com
ele porque está atrasado para o jantar. Ele recebe a reprimenda de pé, como
um rapazinho da escola, e promete que não voltará a acontecer. Jantam e
depois vêem televisão. Um repórter diz que um polícia foi abatido a tiro
durante o assalto a um banco. O teu pai está morto.


Beate escondeu o rosto entre as mãos. Voltara a recordar tudo. Todo aquele
dia. Uma expressão de maravilhamento curioso ao olhar para o sol redondo
num céu azul sem qualquer sentido. Também ela pensara que não passava de
um sonho.


– Quem poderiam ser os assaltantes? Quem conhece o nome do teu pai,
quem conhece todo o esquema de um banco, quem sabe que dos dois agentes
da polícia que se encontram no exterior, o inspector Lønn é aquele que

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